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Novo em Folha 42ª turma
09/11/2007

Imigrantes revisitam sonhos durante tradução de fichas

Colaboração para a Folha

O processo de transliteração fonética dos kanji (ideogramas japoneses) para os caracteres romanos exigiu o trabalho de voluntários como a senhora Yoshiko Hanashiro, de 99 anos. De origem burguesa, ela veio para o Brasil para casar com um imigrante japonês de quem só tinha visto um retrato _ela diz que o noivo era muito bonito. Yoshiko foi a mais velha participante do grupo de cem voluntários que realizaram as traduções das fichas.

Já Kaoru Matsui, 67, outro dos voluntários, veio para o Brasil em 1965. Ele também desembarcou em Santos, mas, bem diferente dos primeiros imigrantes, que eram contratados como lavradores no interior do Estado, Matsui veio para trabalhar na indústria eletrônica, na capital paulista. "Naquela época, o Japão já estava começando a melhorar, mas eu vim para cá para ter mais independência", afirma. "Lá, o trabalho nas
empresas é muito hierarquizado, é difícil ser promovido."

Hoje aposentado, ele trabalhou por dois meses como voluntário na Comissão de Registro Histórico da Associação. Durante esse período, traduziu mais de mil fichas. "O mais interessante, para mim, era imaginar essas famílias, suas histórias, a partir dos nomes", diz. "Quais eram suas expectativas, os sonhos dessas pessoas no Brasil, e o que podem ter conseguido realizar."

Matsui se diz nipo-brasileiro. Ele chegou a voltar a morar no Japão durante a década de 90, e admite que, numa partida de futebol entre Japão e Brasil, ainda torce pelo país onde nasceu. Mas sua única queixa com relação à nova pátria é a falta de segurança nas ruas. "Quando eu vim morar aqui, você podia passear pela avenida São João, à noite. Agora, é impossível, há violência. Quando penso nisso, tenho saudade do Japão."

Mesmo após mais de meio século no Brasil, Emiko Nakashima, 61, fala baixinho como as japonesas. Ela ainda lembra da viagem no navio. "Para as crianças, aquilo era uma festa. Havia muito espaço para brincar", diz, com um sorriso no rosto, apesar da timidez. Ela conta que, quando criança, a expressão "japonês garantido" a incomodava. "Eu não entendia, na época. Mas hoje eu acho que era um elogio à nossa honestidade." (GQ)

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