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Novo em Folha 40ª turma
14/02/2006

Íntegra de entrevista: Dulce Barros

DA EQUIPE DE TREINAMENTO

Dra. Dulce Barros comprova a tese das neuras complementares

COM SUA EXPERIÊNCIA CLÍNICA, O QUE PROVOCA A FORMAÇÃO DE UM CASAL DO TIPO IOIÔ, QUE SE JUNTA E SE SEPARA VÁRIAS VEZES?

Geralmente a auto-estima dessas pessoas é muito baixa. Então com a auto-estima baixa a pessoa tenta aumentar usa auto-estima projentando-se no outro. Aí o outro faz um pacto de sobrevivência para ela, como sendo uma reserva de emergência. Ela deixa o tempo todo uma aparência de que ela é legal. Só que na verdade uma relação não existe sendo só uma situação em que o outro é do bem. Então essa situação é desmascarada na relação depois.

COMO SE DÁ ESSA PROJEÇÃO?

Na verdade ela quer contratar o outro numa tentativa de manter uma mostra não real dela. Mas depois ela não é bem aquilo. Ela é só uma mostra.

O QUE FALTA PARA ESSES CASAIS MANTEREM UMA RELAÇÃO ESTÁVEL?

Essas pessoas estão procurando uma espécie de pai ou mãe, que, na verdade, são os seus contrastes nesse processo de identidade. Na verdade, ela teria que amadurecer, procurando um processo terapêutico.

ESSAS PESSOAS TÊM ALGUM PERFIL EMOCIONAL EM COMUM?

Auto-estima baixa e elas podem ter esses aspectos complementares, como uma mulher mais histérica, por exemplo, pode pegar um homem mais obcessivo. Então ela é mais explosiva e ele contém esses aspectos mais explosivos do perfil.

É UMA QUESTÃO DE NEUROSE COMPLEMENTAR?

Sim.

E QUAIS MAIS TIPOS VOCÊ PODERIA CITAR?

Agora não estou lembrando... São aspectos da personalidade que um tem mais e outro menos.

COMO É O HISTÓRICO FAMILIAR DE PESSOAS QUE SÓ CONSEGUEM ESTABELECER RELAÇÕES INSTÁVEIS?

Geralmente ou os pais brigavam muito ou eles tinham uma relação em que os filhos eram o meio de compensação. Eles também eram inseguros. Então eles é que eram essas fontes complementares. Por serem assim eles geraram pessoas que na verdade não tiveram a oportunidade de desenvolver suas identidades, o que as torna inseguras.

COMO É ESSE PROCESSO AFETIVO? ELES COLOCAM AS CARÊNCIAS NOS FILHOS?

Os pais ficam na expectativa que o filho goste daquele presente como ele gostaria de ter recebido quando era criança. Se o filho gosta daquela viagem que ele gostaria de ter feito...Ele fica esperando que os filhos queiram as coisas que eles não tiveram. O que falta na verdade é ter uma satisfação com as coisas que os pais não viveram.

QUAL O SENTIMENTO QUE PREDOMINA NUMA RELAÇÃO COMO ESSA?

Num primeiro momento a pessoa acha alguém que lhe dê valor. Então eu sou a pessoa certa pra você investir. "Sinto-me completo quando você está por perto e você é tudo para mim". É um pacto de sobrevivência. Mas ao mesmo tempo é uma outra pessoa que está ali e que teme por ser descoberta. No dia-a-dia eles descobrem a realidade, principalmente quando casam. Eles esperam que o outro seja forte, porque foi nisso que a pessoa se afirmou, por conta da fragilidade própria dela.

ISSO SERIA UMA TENDÊNCIA DA PÓS-MODERNIDADE? IDEAIS DE CONSUMO, IMEDIATISMO, NARCISSIMO, INDIVIDUALISMO...

Acredito que sim, pois as relações vêm se baseando mais na imagem do que na questão existencial mesmo.

CASAIS PODEM SE ATRAIR PELA UM PELA NEURA DO OUTRO?

Ah, com certeza! Por isso existem as neuroses complementares.

Especializada no acompanhamento e atendimento de adolescentes, adultos e casais, Dulce Barros concluiu licenciatura e bacharelou-se no Curso de Psicologia do Instituto Unificado Paulista. Possui especialização em Terapia Sexual pela Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana, em Programação Neurolinguística pelo IBEHE em parceria com Fundo de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão da UNAERP (Universidade de Ribeirão Preto) e em Psicanálise pela Sociedade Brasileira de Psicanálise Dinâmica (SBPD).
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