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Novo em Folha 41ª turma
21/06/2006

Prefeitura doa material para índios improvisarem barracos

DA EQUIPE DE TREINAMENTO

A Prefeitura de São Paulo doou tapumes de compensado e telhas de embalagens recicladas de pasta dental para que os índios construíssem barracos improvisados na aldeia Pyau. A iniciativa, que custou R$ 116,6 mil ao município, foi tomada sem o conhecimento da Funai (Fundação Nacional do Índio) a partir da constatação de que havia pessoas desabrigadas depois que um eucalipto caiu, destruindo cinco casas, em dezembro passado.

Os guaranis se dizem agradecidos pela ação municipal, mas insatisfeitos com o tipo de material oferecido. "A construção tradicional serve para mostrar que nossa cultura ainda está viva. Quem passa aqui na frente acha que isso é uma favela, não acredita que aqui mora índio", diz Tupã Mirim, 23, representante da Pyau no Conselho Estadual de Povos Indígenas.

Segundo o cacique da aldeia, Guyra Pepo, o problema na construção das casas está na falta de material tradicional. Para ele, a questão seria resolvida se os índios pudessem extrair material para a construção no parque do Jaraguá, situado em frente à aldeia.

Segundo Maria Inês Ladeira, antropóloga e coordenadora do CTI, a construção de casas pelo governo não é uma boa alternativa à miséria que se instalou na aldeia.

Ela afirma que o uso de técnicas não pertencentes à cultura guarani pode aumentar a dependência dos indígenas em relação aos "homens brancos".

Para Ladeira, o ideal é que os índios habitem uma área que possua matéria-prima necessária para que eles tenham autonomia na construção de suas habitações.

Mas, apesar da opinião de especialistas e dos moradores da aldeia, 21 barracos já estão prontos e se espalham pelo terreno sem vegetação, formando uma espécie de favela mais esparramada.

A par dos impasses legais ligados à demarcação da área, a subprefeitura de Jaraguá/Pirituba, responsável pela doação, diz não ver problemas na construção dos barracos. A assessoria do órgão afirma que os índios já habitavam aquele local há mais de dez anos e que havia pessoas desabrigadas, alojadas em condições "quase que subumanas" na escola da aldeia.

Apesar de afirmar que não tem competência sobre a construção de habitações ou a urbanização de terras indígenas, o órgão diz que também pretende instalar lixeiras e promover melhorias no campo de futebol da aldeia.

De acordo com o diretor de assuntos fundiários da Funai, Artur Nobre Mendes, a doação do material "é um risco que a prefeitura corre", pois o processo de demarcação da área pode não acontecer, o que acarretaria prejuízos ao município.
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