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Novo em Folha 42ª turma
29/06/2007

Entrevista: Embaixador paraguaio no Brasil nega crise e vê avanço nas relações bilaterais

da EQUIPE DE TREINAMENTO

O embaixador paraguaio no Brasil, Angel González Arias, não vê sinais de crise entre Brasília e Assunção. Para ele, os dois países estão finalmente sentando à mesma mesa de discussões. Ele nega a tese de analistas que acusam o Paraguai de usar o Tratado de Itaipu para pressionar a liberalização do comércio na Tríplice Fronteira.

Arias classificou o atrito causado pela idéia de construir um muro em torno da sede da Receita Federal em Foz do Iguaçu um "mal entendido". Ele disse que o muro, que nunca chegou a ser construído após ser desautorizado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fazia parte de um projeto para melhorar a segurança da aduana brasileira e revelou que o Paraguai construirá novas estruturas em seu lado da ponte da Amizade até o fim deste ano.

O embaixador falou à Folha por telefone de Brasília. Leia abaixo os principais trechos da entrevista:

FOLHA - Como o sr. avalia a atuação da Receita Federal brasileira?
ANGEL GONZÁLEZ ARIAS - O fato de que a Receita mude o controle é aceito por ambos os lados. Queremos que Ciudad del Este tenha um comércio legítimo e legitimado, por isso estão estabelecendo regras econômicas.

FOLHA - Que importância tem o comércio de Ciudad del Este para a economia do Paraguai?
ARIAS - Tem muita importância porque é a segunda região economicamente mais importante do país, é uma fonte de ingresso para o fisco paraguaio. Sua importância no passado era maior, mas agora tem diminuído. Mas é importante também procurar uma solução que torne viável a convivência dos dois países na região. Até agora só tivemos problemas. O que se busca é normalizar e melhorar a relação entre Paraguai e Brasil. Não é só o aspecto econômico, mas também o aspecto político. Precisamos melhorar a imagem de uma região associada à lavagem de dinheiro, ao terrorismo, ao contrabando.

FOLHA - Analistas internacionais apontam uma crise diplomática entre Brasil e Paraguai. Como o sr. concorda?
ARIAS - Não há crise. Os acordos estão aí, com assinaturas dos dois lados, aprovada pelos parlamentos. É verdade que usam isso em campanhas políticas, principalmente entre os partidos que competem pela presidência no Paraguai agora.

FOLHA - Como está a relação diplomática entre Brasil e Paraguai?
ARIAS - Essa decisão da Receita melhorou porque estamos em negociação. Antes não conseguíamos negociar a situação de Ciudad del Este. Antigamente adiavam sempre as discussões. Agora finalmente, no governo Lula, estamos negociando. Na parte técnica, temos tudo acordado. Haverá um sistema transparente, com a comunicação computadorizada de mercadorias que saem e entram e veículos cadastrados.

FOLHA - O projeto brasileiro de construir um muro na região não deixou seqüelas diplomáticas?
ARIAS - Com o muro, houve um mal-entendido. Toda a zona aduaneira tem mecanismos de proteção. O que os brasileiros quiseram era evitar que se arremessassem mercadorias da ponte. Não era um muro para dividir os países, era um muro para proteger a aduana. O lado paraguaio também deve ter esses mecanismos. Foi uma interpretação que se fez num momento político sensível. Não vai haver muro como o "muro de Berlim" ou o muro entre a Palestina e Israel. Era uma questão política que levantou suspeita extrema. Que as zonas primárias têm que ter mecanismos de proteção, têm que ter. O Paraguai também terá. Já foi feita a licitação e obras estão previstas para terminar no fim do ano. Isso será acelerado o mais rápido possível.

FOLHA - O Paraguai usa o preço da energia de Itaipu para pressionar a liberalização do comércio na fronteira?
ARIAS - Não tem a ver com Itaipu. A tarifa de Itaipu está fixada com base no que Itaipu tem que pagar como dívida, pessoal, royalties e compensações e gastos normais de manutenção de equipamentos e a parte jurídica. Itaipu não pode ganhar, nem perder, tem que vender a um preço ajustado a suas necessidades.

FOLHA - O sr. acha que os governos federais ignoram os problemas da Tríplice Fronteira?
ARIAS - Não falta atenção por parte do governo federal brasileiro à região. No passado, havia esse problema. Mas agora, só o fato de querer solucionar o problema do comércio fronteiriço já é um sinal de abertura, que empresários, governos, municípios dos dois lados queiram cooperar. O governo paraguaio tomou medidas para legalizar o comércio. Não entra mais contrabando no Paraguai e agora queremos entrar num acordo com o Brasil.

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