12/12/2007
Prédio histórico tem desafio de conciliar antigo e moderno
KARIN BLIKSTAD
RICARDO VIEL
DA EQUIPE DE TREINAMENTO
Rede elétrica antiga exige racionamento no uso de equipamentos
O casarão centenário é um dos últimos remanescentes do estilo art nouveau na cidade de São Paulo.
Seu projeto, de autoria do arquiteto sueco Karl Eckeman, permite o aproveitamento da luz natural, mas as lâmpadas permanecem apagadas por outro motivo.
Doado na década de 30 pela família Penteado à USP, com a condição de que abrigasse o curso de arquitetura, o imóvel tem instalações elétricas antiquadas.
A rede sofre com o uso de projetores, computadores e aparelhos de ar-condicionado, necessários para as aulas da pós-graduação da FAU _que funciona no prédio desde 1972, quando o curso de graduação mudou-se para a Cidade Universitária.
No limite
Um racionamento foi adotado em setembro passado, depois de um ‘princípio de incêndio‘, diz uma notificação interna, de 6 de setembro.
Avisos espalhados pelo prédio orientam professores e funcionários a evitarem o uso de equipamentos elétricos e aproveitarem a luz natural.
De acordo com a presidente do programa de pós-graduação da faculdade, Maria Ângela Faggin, as instalações do prédio da Vila Penteado estão trabalhando no limite máximo e precisam ser trocadas.
A adequação de prédios antigos para novos usos é um desafio comum para arquitetos.
‘É preciso ter um respeito pela origem do prédio e, ao mesmo tempo, absorver as novas funções, ou seja, um equilíbrio bem caracterizado entre o novo e o antigo‘, diz o professor da FAU Júlio Katinsky.
Instalação elétrica
Um laudo técnico feito pela empresa Barreto Engenharia Ltda sugeria que a rede elétrica fosse interditada, segundo notificação no site da faculdade. De acordo com a presidente da pós-graduação, como as aulas não podiam ser interrompidas, foi feito um acordo para reduzir o uso da energia.
O consumo de energia diminuiu 52% depois do racionamento e da substituição de lâmpadas por outras mais econômicas, diz a diretoria.
‘Faz uns meses que não dá para usar os computadores. Tenho que ir em ’lan houses’ ‘, diz Diana Helene, aluna da pós-graduação.
Entre as medidas tomadas, a que mais atingiu os alunos foi o fechamento da sala de computadores.
‘Já sabemos que não tem computador aqui, então trazemos laptops. Para usar a internet, vamos ao shopping Higienópolis‘, diz a aluna Flávia Silveira.
Um projeto para uma rede elétrica provisória começou a ser elaborado no dia 15 de janeiro e será entregue em 60 dias, segundo o vice-diretor da FAU, Marcelo Romero. Depois há a burocracia para a execução. Para fazer uma instalação permanente, primeiro seria necessária a aprovação de um projeto de adequação do prédio.
Projeto engavetado
Um projeto de restauração e revitalização para todo o prédio foi feito em 2002 pelo professor Carlos Faggin.
A idéia era não só garantir a conservação física do patrimônio histórico, mas também ‘transformar a Vila Penteado, definitivamente, em um edifício para fins educacionais‘, diz Faggin.
A Folha procurou a diretoria da FAU para saber por que o projeto não foi aprovado, mas o vice-diretor, Marcelo Romero, não soube responder.
Contraponto
Apesar dos problemas com a rede elétrica, a Vila Penteado possui um exemplo bem sucedido de restauro aliado à revitalização: o espaço da biblioteca.
Foram restauradas as pinturas originais das paredes e o ambiente foi adaptado às suas funções _desde então o peso dos livros não sobrecarrega mais o piso.
As pinturas nas paredes do saguão, feitas por Oscar Pereira da Silva, também foram restauradas, entre 1988 e 2002.