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Sono
04/12/2004

Sesta faz bem à saúde, mas insones devem evitá-la

ANA PAULA BONI
Da reportagem local

Dormir após o almoço restaura as energias e melhora o estado de vigília à tarde, diz o pneumologista Maurício Bognato, responsável pela medicina do sono no hospital Sírio Libanês, São Paulo.

Bognato explica que, durante o dia, o corpo tem dois momentos de baixa temperatura, que propicia a chegada do sono: um por volta de 23h e outro às 12h.

O pneumologista diz que ter sono após o almoço é, em partes, coincidência, pois a sonolência é fisiológica, mas as comidas calóricas facilitam a baixa na temperatura do corpo.

Médicos alertam que a sesta não é benéfica para quem sofre de insônia, para que o sono à noite não seja afetado. A neurofisiologista Estella Márcia Tavares, do hospital Albert Einstein, diz que a sesta é benéfica, mas acredita que é uma questão de hábito.

Segundo Tavares, deve-se ficar alerta se a prática da sesta não for diária. "Há pessoas que dormem mal à noite e tentam dormir de dia. A sesta pode estar camuflando problemas do sono."

O neurologista Pedro Paulo Porto Júnior, do hospital Albert Einstein, diz que não há regra para duração do cochilo pós-almoço. "O normal são 40 minutos, mas o tempo deve ser medido de acordo com o rendimento do trabalho à tarde."

Vida moderna extingue sesta

O ritmo da vida moderna, acelerado com o capitalismo e a expansão urbana desde meados do século 20, extinguiram a sesta da vida dos brasileiros que moram em grandes cidades, dizem antropólogos ouvidos pela Folha.

A doutora em antropologia pela USP Rita Amaral diz que o modo de produção capitalista não permite que as pessoas durmam à tarde. "Tempo é dinheiro. Além disso, com as distâncias, as pessoas não voltam para casa para almoçar. Não podem dormir, mesmo se quisessem", diz.

Para o antropólogo Luiz Fernando Duarte, do Museu Nacional do Rio de Janeiro, o principal fator para a extinção do cochilo após o almoço também são as mudanças culturais.

Duarte conta que, até os anos 40 do século 20, as pessoas ficavam em casa após o almoço, para fugir do calor e do sol, e acabavam descansando um pouco. "Hoje a relação com a saúde é diferente. Há a cultura da praia e da exposição do corpo. As pessoas aproveitam o tempo que sobra para ir à academia, fazer exercícios ao ar livre."

Roberto Albergaria, doutor em antropologia pela Ufba (Universidade Federal da Bahia), diz que a criação de shoppings facilitou a extinção da sesta. Diferente das lojas de rua, o centro comercial não fecha às 12h para almoço.

"Por que a sesta acabou? É mais um tributo que pagamos à bendita civilização, essa maluquice que as pessoas chamam de progresso. O progresso torna a vida mais agitada, mas traz, como conseqüência, o estresse."
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