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Sono
04/12/2004

Aparelhos prometem interferir nos sonhos

Norte-americanos e japoneses investem em negócio inusitado

FLÁVIA MANTOVANI
VIVIANE YAMAGUTI
Da equipe de trainees

Podem ser apenas mais duas invenções mirabolantes de americanos e japoneses, mas a idéia chama a atenção. Dois aparelhos ainda pouco conhecidos prometem intervir num campo tido como incontrolável: os sonhos.

Um deles é o Yumemi Koubou --ou "oficina de sonhos"--, que utiliza estímulos sensoriais para ajudar as pessoas a sonharem com o que desejam. O outro é o NovaDreamer, máscara de dormir que pretende induzir a consciência durante o sonho.

A máscara foi criada por Stephen LaBerge, 56, doutor em psicofisiologia pela Universidade Stanford (EUA). Ela é resultado de estudos realizados no Lucidity Institute, centro de pesquisa sobre sonhos lúcidos fundado por LaBerge na Califórnia.

Sonhar lucidamente significa ter a consciência de que se está sonhando durante o próprio sonho. Uma pesquisa feita por um grupo do departamento de psicobiologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) com 70 adultos mostrou que 30% já tiveram essa experiência naturalmente.

Segundo Dominick Attisani, assessor do Lucidity Institute, sonhos lúcidos podem proporcionar "crescimento pessoal". "O cenário do sonho pode ser um ambiente de treino para o mundo real", diz. LaBerge, um dos poucos pesquisadores do assunto, é considerado referência pelos adeptos da prática.

Para induzir a consciência durante o sonho, o NovaDreamer possui sensores que detectam o período de REM e acionam luzes que piscam sobre as pálpebras do usuário. Esses sinais passam a fazer parte do sonho e, se a pessoa for capaz de reconhecê-los sem acordar, poderá agir conscientemente (leia quadro ao lado).

Todo ano, o Lucidity Institute realiza seminários para ensinar "técnicas de indução de lucidez", que, se bem treinadas, supostamente dispensam o uso de qualquer aparelho. O próximo será em Manaus (AM), em janeiro.

Fora do mercado desde o início do ano, quando era vendido pelo Lucidity Institute por US$ 250 (cerca de R$ 680), o NovaDreamer foi lançado em 1992. LaBerge já desenvolveu uma nova versão do aparelho, mas ainda não há data para comercialização. Attisani não forneceu dados sobre vendas --falou, apenas, em "milhares" de unidades.

Engenhoca oriental

O Yumemi Koubou é fabricado pela companhia de brinquedos Takara, responsável por invenções como tradutores de miados e latidos.

A idéia de criar o aparelho surgiu de discussões sobre tecnologias futuristas. Eiko Matsuda, especialista em pesadelos e professora da universidade Edogawa, ajudou a desenvolvê-lo.

Para programar um sonho com o Yumemi Koubou, o usuário deve afixar no aparelho uma fotografia, escolher uma música e uma fragrância e gravar três palavras-chave relacionadas ao que deseja sonhar. Esses estímulos sensoriais serão ativados durante a noite (leia quadro ao lado) e, segundo a Takara, influenciarão o conteúdo do sonho.

Testes clínicos feitos pela companhia japonesa mostraram que o Yumemi Koubou aumenta em quase quatro vezes a chance de se sonhar com algo relacionado ao que se desejou antes de dormir.

Segundo Kennedy Gitchel, representante da empresa, a intenção é "proporcionar entretenimento numa área geralmente pouco relacionada a isso".

O aparelho está à venda no Japão por 15.540 ienes (cerca de R$ 400). Desde o lançamento, em setembro, mais de 10 mil unidades foram vendidas.

Não há planos para a venda do produto no Brasil. Segundo a Takara, ele ainda não pode ser importado, pois foi criado para padrões elétricos japoneses e não possui menus em outros idiomas.
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