São Paulo, sábado, 5 de abril de 2003

Governo Lula está na mira da sátira

IAN RENNÓ
PEDRO K
ESPECIAL PARA A FOLHINHA

"Casseta & Planeta" faz sátira: critica e ridiculariza fatos que acontecem no Brasil e no mundo. Leia o que o elenco acha do próprio trabalho.
Folhinha - Quais são as novidades da temporada ?
Casseta -
O que vai haver de novo é pensado semanalmente, de acordo como que acontece no mundo. Personagens podem vir a aparecer de novo, assim como podem sumir, e novos personagens podem ser criados. Há um projeto sobre a criação de uma espécie de Liga da Justiça de super-heróis brasileiros [satirizando a Liga da Justiça com Batman, Super-Homem etc.]. Às vezes acontece de a gente desistir de um personagem porque a temática está saturada, quando a gente cansa.
Folhinha - Como serão os quadros novos?
Casseta -
Vai ser acrescentado o quadro do "Paláfio Previdenfial", que será uma sátira ao governo Lula, dando ao Planalto uma estrutura doméstica. Dirceu será mordomo. Pensamos em criar um quadro de sátira dos programas de investigação cientifica, como "CSI" [TV paga Sony].
Folhinha - Vocês sofrem censura da Rede Globo ?
Casseta -
Não sofremos censura em princípio, mas sempre há um limite. Às vezes a gente recebe algum toque, mas temos liberdade de criação. Em assuntos como religião e certas tragédias a gente evita tocar. Cada vez a gente avança mais nos nossos limites, mas o limite da piada não é dado pela direção da Globo, é dado pela opinião pública.
Folhinha - E a guerra?
Casseta -
Nosso objetivo não é criticar, e sim fazer humor. Mas o humor já é crítico. Os personagens da guerra são engraçados, o Bush já é uma figura lamentavelmente cômica, grotesca. Não temos posição ideológica, iremos satirizar os dois lados da guerra, independente do que achamos.
Folhinha - O que faz com que vocês chamem a atenção das crianças?
Helio -
As crianças acham graça em ver os adultos pagando mico, vestidos com roupas ridículas etc. A piada tem vários níveis de entendimento. Uma piada política pode ser entendida de um jeito por uma criança e de outro por um adulto, mesmo sem ver o conteúdo político, ela pode ver graça. A criança se sente atraída pelo visual e pela criação do programa.
Folhinha - Alguma vez alguém pediu para uma piada não ser feita?
Casseta -
Ninguém quer se opor claramente a um programa satírico. Muita gente gosta e até pede para ser satirizado, aí é que a gente não bota o cara mesmo.

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