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São Paulo, sábado, 11 de março de 2006

BRINQUEDOS

Na fábrica em Nova York há um hospital e um ateliê de moda

O que fazer quando a boneca quebra?

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM NOVA YORK

Boneca tem mais cara de gente que uma bola de gude e às vezes isso basta para conversar com ela. Mas vê-la só piscar concordando pode ser um dos motivos para te irritar. E muito. E como paciência é coisa de boneca, você picota os cabelos dela, rabisca a cara dela e ainda arranca a cabeça, as pernas e os braços. Mas daí bate um dó e você corre com o que sobrou dela para o hospital.
"O que mais chega aqui é boneca sem o couro cabeludo", diz a enfermeira Lucia Toribio, enquanto cola um tufo de cabelo em uma Cissy careca. Há 33 anos, Lucia começou a trabalhar na fábrica fazendo caixotes, mas tratar de bonecas logo virou seu forte.
O hospital é simples. Tem uma máquina de costura, um cesto com colas, um pequeno laboratório e muitos armários. No hospital nenhuma boneca tem direito a desenho animado em sala de espera. Ficam todas ensacoladas dentro do armário esperando sua vez.
Algumas perderam literalmente a cabeça. Outras estão lá simplesmente porque perderam a cor rosa da bochecha. Há quem tenha a perna roídas por algum bicho. E, é claro, não faltam as modernas, tatuadas de canetinha ou com piercing de alfinete no corpo inteiro. "Nada que uma boa canja de galinha não dê conta!", ri Lucia, rodeada de fotos de bonecas "curadas".
Boneca de revista
O lugar mais bagunçado da fábrica Madame Alexander é o ateliê. Também, pudera, vida de boneca fashion é um troca-troca de roupa infernal. Em uma sala lotada de tecidos, sapatinhos jogados e muitos, muitos modelitos, trabalham sem parar oito estilistas.
"As idéias surgem no meio dessa confusão!", ri Elizabeth, enquanto esboça bonecas orientais. Ao lado, tem mangás e desenhos japoneses. Mas sobre a mesa há também revistas de moda. "Seguimos as tendências, ouvimos opiniões de crianças e vestimos as bonecas como a gente imagina que elas gostariam." (LUCRECIA ZAPPI)

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