São Paulo, sábado, 22 de março de 2008

Tristeza de lebre dura pouco

Todo mundo sabe que as lebres estão entre os animais mais alegres do mundo. Mas, certo dia, a lebre sentiu uma tristeza profunda. Era como se sua vida tivesse perdido a graça: não gostava mais de brincar, correr pelos prados à noite, nem mesmo as cenouras levantavam seu ânimo.
- Eu adoro correr nos campos - pensou a pobre lebre -, mas, neles, sempre corro o risco de ser morta por um caçador. Quando estou na floresta, quem me persegue é o lobo. Também sou atacada por raposas e corvos. No mundo, não há refúgio seguro onde eu possa descansar. Estou tão triste que vou saltar num lago e fazer de tudo para virar um peixe, mesmo que eu morra tentando mudar de corpo.
Lá foi a lebre até o lago, onde não viu peixes, mas encontrou muitas rãs. Assustadas com a lebre, as rãs mergulharam nas águas.
Subitamente, vários caçadores de rãs surgiram para pegá-las. Mas, como elas haviam se assustado com a chegada da lebre, acabaram salvas. Quando os caçadores se afastaram, de mãos vazias, a lebre sentiu uma felicidade repentina:
- Bem, se minha presença salvou tantas rãs, talvez isso queira dizer que minha vida vale para alguma coisa.
Contente com esse pensamento, a lebre voltou aos prados, saltitante, veloz e alegre, como continua a ser até os dias de hoje.


Adaptação de conto polonês.

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