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São Paulo, sábado, 23 de outubro de 2004

CRIANÇAS EM AÇÃO

Estimuladas pelas escolas, crianças descobrem como é gostoso poder ensinar

Ajudar também é aprender

PAULA MEDEIROS
FREE-LANCE PARA A FOLHINHA

Várias escolas particulares de São Paulo têm adotado ações sociais que envolvem seus alunos e crianças carentes de outras instituições. As atividades variam, mas o objetivo é colocar todos juntos para trocar experiências e, dessa forma, aprender valores de cidadania e ética.
Geralmente esses trabalhos são extracurriculares, não valem nota ou ponto positivo. Mesmo assim recebem a adesão de vários voluntários, que descobriram como é gostoso doar seu tempo livre para quem precisa.
"Eu queria me sentir útil", conta Marcela, 13 anos, do colégio Pueri Domus, que há alguns meses participa do grupo de contadores de história da escola e não pensa em deixá-lo de jeito nenhum.
"Eu não sabia o que era o trabalho até começar a fazê-lo. A gente aprende muito com a realidade dessas pessoas e aprende a dar valor ao que a gente é e ao que pode ser", diz Marcela.

Preconceito
A maior decepção das crianças engajadas nessas atividades é perceber o preconceito que começa na sala de aula, entre os colegas de classe que não se interessam em participar.
"Eles ficam zoando com a gente e dizem: "Você vai perder o seu dia para quê?'", conta Lilian, 11 anos, da Carlitos. Na opinião de Karin, 13, do colégio Pueri Domus, "quem diz essas coisas não sabe o que está perdendo ao não participar".
"Tem gente que nunca veio e acha chato", entrega Lílian, 11 anos. "Mas é muito legal fazer esse trabalho", diz a colega Camila, 11. "Há uma troca, um ensina coisas para o outro", conta Felipe, 11, também da Carlitos.
Para Simone Zaterka, diretora da Carlitos, esse tipo de trabalho ajuda a "formar cidadãos íntegros e aptos a lidar com as diferenças que existem na sociedade, para diminuí-las".
Caroline, 12 anos, diz que, desde que começou a participar como voluntária em um projeto do Colégio Magno, no início do ano, ela mesma mudou. "Fiquei mais responsável", conta ela.
Para André, 13 anos, do Magno, "o trabalho voluntário serve para a gente ver que não está sozinho no mundo e que tem gente que precisa de nós."
Quem, por alguma razão, teve de largar o programa de voluntariado, em geral, lamenta. É o caso de Gilberto, 16 anos, do Pueri Domus. "Tenho sentido muita falta dessa experiência. A gente vive em um mundo fechado, de condomínio, é quase uma bolha."

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