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São Paulo, sábado, 25 de setembro de 2004

LIVROS

Uma escritora de muitas histórias

Luana Fischer/Folha Imagem
A escritora Tatiana Belinky


São muitos, algumas dezenas, os livros que Tatiana Belinky escreveu para crianças. Recentemente, foram publicados "Vovô Majai e as Lebres", "Mentiras... E Mentiras" e "Onde Já Se Viu?", uma seleção de pequenos textos da escritora. Tatiana tem 86 anos e foi responsável pela primeira adaptação para a TV do "Sítio do Picapau Amarelo", que estreou em 1951 e ficou no ar por 11 anos. Com certeza, ela tem muita história para nos contar!

Qual o livro que você escreveu e que mais lhe agradou? (André Prado Padron, 3ª série)
Quem tem de achar isso é o leitor. Para mim são todos meus filhos.

Você imaginava que seus livros iriam fazer tanto sucesso?
(Ana Paula dos Santos, 12 anos, de São Paulo)
Não. Realmente, foi mais do que eu esperava. Fiquei muito contente, me dá muito prazer. Esperava que gostassem, claro, se não não publicaria, mas foi melhor que a encomenda.

O que a motivou a escrever para crianças? (Eric Drummond de Camargo, 3ª série)
O fato de eu ter sido criança, de ter tido um irmão dez anos mais novo, de quem fui "irmãe"... Sempre lidei com crianças, gosto crianças e gosto de livros. Li muito desde o 4 anos. Ler é meu pó de pirlimpimpim. Escrever é meu trabalho e meu hobby.

Como você tem tantas idéias? (Matheus Fava Bon, 3ª série)
Tenho olhos de ver e ouvidos de ouvir. É importante prestar atenção na escola, no ônibus, no táxi, em todos os lugares, e usar os olhos não só pra olhar mas também para enxergar.

Com quantos anos escreveu seu primeiro livro? (Julia Leveinstein, 4ª série)
Sempre escrevi muito, mas comecei a publicar há 20 anos. O meu primeiro livro publicado foi "A Operação do Tio Onofre", mas eu sempre escrevi muito.

O que a senhora gostava de ler quando era pequena? (Matheus Riccio, 2ª série)
Poesia, gostava muito de poesia. E também de contos de fadas, contos de aventura. Quem lê muito lê tudo.

Você já escreveu para adultos? (Fernanda Boccuzzi Rodrigues, 3ª série)
O que é bom para a criança é bom para o adulto, embora o contrário nem sempre. Mas há livros, como "Transplante de Menina", que é autobiográfico, e muitas crônicas que são lidas por adultos. Também traduzi romances, poesias e contos do russo, do alemão, do inglês. Em 86 anos deu para fazer muita coisa.

Como foi chegar ao Brasil aos dez anos e entrar na escola falando russo? (Luísa Mantovani, 2ª série )
Eu entrei na escola escutando. Português foi minha quarta língua, e criança aprende muito rápido. Só de olhar para a cara das pessoas a gente entende. Foi fácil. Criança tira essas coisas de letra. E em geral criança não gosta de estudar: gosta de aprender. Aprendemos por todos os poros.

Por favor, fale alguma coisa do tempo do programa "Sítio do Picapau Amarelo", junto com seu marido Júlio Gouveia, na década de 60. Fiquei feliz ao vê-la na Folhinha. Recordar é viver!
(Mauro Bilman, 50 anos, de Belo Horizonte)

Foi muito bom. Dava um trabalho muito grande, era ao vivo, não havia computador, escrevíamos na [máquina de escrever] Olivetti portátil. Era muito agradável, prazeroso, trabalhoso, divertido, muito bom. Conheci Monteiro Lobato pessoalmente. Minha primeira paixão no Brasil foi a banana. Quando cheguei, vi uma penca de bananas e fiquei maravilhada. Mas o segundo grande amor foi Monteiro Lobato. Antes de conhecer a sua obra, eu queria ser bruxa, mas das bruxas bonitas, que nem aquela da Branca de Neve, porque bruxa tem poder. Mas quando conheci o "Sítio do Picapau Amarelo", passei a querer ser a Emília, porque é uma criança com poderes!
Beijo para a criançada toda.

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