UOL
São Paulo, sábado, 31 de julho de 2004

CIÊNCIA

Eles estão no espaço, mas cientistas ainda não os decifraram

O mistério dos buracos negros

RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL

Quem diria, os buracos negros podem não ser nem tão buracos nem tão negros assim.
Não, não se trata do seu bagunçado armário de brinquedos, da sua escrivaninha cheia de lição de casa ainda por fazer ou do quintal onde você brinca e junta um monte de coisas para alucinar a sua mãe.
Mas a idéia é a mesma. "Buraco negro" virou maneira de dizer que algo que entra ali some para sempre e ninguém nunca mais acha. Bagunça pura.
A existência dos buracos negros foi primeiro sugerida por um astrônomo alemão de sobrenome, é claro, difícil de pronunciar: Karl Schwarzschild (1873-1916).
Outros cientistas estudaram a idéia, como o britânico Stephen W. Hawking, um dos mais famosos do mundo, um gênio da física que vive, por causa de uma doença, numa cadeira de rodas e fala por um sintetizador de voz.
O buraco negro seria um lugar no espaço que teria surgido a partir da morte de uma estrela. Ficaria ali um lugar tão denso, tão pesado, que nada conseguiria escapar dali -nem mesmo a luz, por isso o lugar ficaria sempre escuro: um buraco "negro".
E "buraco" porque quem cai ali, dança. Satélites e telescópios já fizeram imagens de estrelas sendo engolidas por um buraco negro, o grande "bicho-papão" do espaço.
Já ouviu falar em "bicho-papão"? É um bicho que não existe, mas que os pais inventaram para assustar as crianças que não se comportam bem.
Mas buraco negro existe. E agora o próprio Hawking está revendo algumas de suas idéias sobre ele. Hawking agora acha que o que entra no buraco nem sempre some para sempre, ou vai parar numa espécie de "universo paralelo". O bicho-papão do espaço pode de vez em quando "vomitar" o que comeu. Como já dizia um colega do físico, o americano John Preskill, que Hawking agora admite estar certo. "Não há nenhum universo-bebê brotando, como eu pensava. A informação permanece no nosso Universo", disse o físico em uma conferência recente.
Ou seja, nem é tão buraco nem é tão negro. Mas não é recomendável chegar perto. Esse bicho-papão existe.

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