São Paulo, sábado, 1 de janeiro de 1994
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Correios têm rombo de caixa de US$ 30 mi

ELVIRA LOBATO
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo deu 90 dias para a ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) sair do vermelho e zerar um prejuízo operacional de US$ 30 milhões, que vem sendo coberto com empréstimo de curtíssimo prazo no Banco do Brasil, ao custo de 50% ao mês. A rolagem diária da dívida custou US$ 150 milhões em juros para os Correios, este ano.
O ministro interino das Comunicações, Djalma Morais, disse à Folha que a empresa terá que se livrar do "hot money" até o final de março. Segundo ele, a solução para o problema virá do corte de custos e não do aumento de tarifas. "O presidente Itamar Franco não admite esta hipótese", disse.
Em dezembro, com o aumento dos serviços postais em decorrência do Natal e do Ano Novo, a empresa conseguiu diminuir o saque a descoberto na conta no Banco do Brasil para uma média diária de US$ 4,5 milhões. A situação, no entanto, vai se agravar em janeiro, mês de data-base para reajuste dos salários dos 73 mil empregados da empresa e de queda na receita. A despesa com pessoal, que representa 70% dos gastos da ECT, vai aumentar 60% com o reajuste dos salários.
O diretor de Recursos Humanos dos Correios, Júlio Vicente Lopes, afirmou que não há como reduzir pessoal. A crise da empresa foi agravada com o aumento da inflação. No ano passado, a empresa fechou balanço com lucro de US$ 30 milhões, a maior parte obtida com rendimentos financeiros.
Este ano, a projeção mais otimista da empresa é de que ela fechará o balanço com um prejuízo líquido de US$ 30 milhões. A mais pessimista é de que o prejuízo pode chegar a US$ 100 milhões. Segundo Júlio Lopes, o resultado final vai depender de quanto ela vai receber no fechamento da compensação financeira internacional entre os correios.
A inflação afetou uma das atividades mais rentáveis dos Correios: a distribuição de catálogos por mala direta e das vendas por reembolso postal. Segundo Júlio Lopes, o volume de carga transportada cresceu, mas não houve aumento correspondente na receita. Em dezembro, por exemplo, triplicou o volume de cartas, mas a receita cresceu apenas 20%.
Uma das soluções em estudo é a redução do prazo de cobrança. Outra hipótese é o lançamento de um título para grandes usuários para antecipação de receita dos Correios, corrigido por um "mix" de tarifas públicas. A terceira alternativa é um empréstimo de longo prazo garantido por faturas de clientes.

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