São Paulo, sábado, 1 de janeiro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Corman e Polanski disputam mundo bizarro de Coffin Joe

HÉLIO GOMES
DA REDAÇÃO

"Em meados dos anos 70, Glauber costumava dizer que um dia, talvez depois de 30 anos, me chamariam de Coffin Joe". Rocha só errou o tempo de sua profecia. Duas décadas foram suficientes para que Zé do Caixão ultrapassasse as fronteiras do Brasil. Seu nome está em evidência, principalmente nos EUA. Tanto que Roger Corman e Roman Polanski vêm sondando José Mojica Marins, 62, com a intenção de filmar versões de aventuras daquela figura bizarra e única.
Desde que Coffin Joe foi descoberto como uma pérola da cultura trash pelos norte-americanos, sua popularidade e principalmente a vendagem de suas obras têm crescido surpreendentemente fora do Brasil. "Além dos lançamentos nos EUA –13 vídeos de Coffin Joe já estão no mercado americano–, estou negociando alguns trabalhos com a emissora italiana RAI e com distribuidores de vídeo da França, Alemanha e Japão", revela.
Mojica acaba de comemorar 30 anos de parceria com seu inseparável caixão, "fizemos uma grande festa no último dia 17", conta. Atualmente, um dos planos do criador de Zé do Caixão é concluir a sua já clássica trilogia de terror, iniciada com "Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver", realizado em 66. "Estou filmando 'O Olho do Portal do Inferno', que devo concluir entre fevereiro e março de 94", explica Mojica.
Contudo, o exterior tem sido seu campo de atuação mais intenso. "Ia para a Inglaterra em outubro para fazer a abertura de um show do Sepultura, mas acabei desistindo da viagem em razão do estado de saúde de minha mãe, que tem 82 anos e sofre de câncer". Destaque na mídia especializada internacional, Mojica está chamando a atenção de alguns diretores e produtores renomados. "Olha, eu nem sei dizer direito como se fala o nome de alguns deles, mas sei que o Polanski e o Corman são alguns dos que querem filmar comigo", conta. O sucesso de Coffin Joe foi até mesmo objeto de um artigo de Roger Corman.
Sua relação com o rock também se intensificou. Mojica escreveu o roteiro do novo clip do grupo Okotô e estuda a possibilidade de escrever outro para os Titãs. Zé do Caixão também foi convidado para estrelar um vídeo do Sepultura. Talvez Max Cavalera e sua gangue tenham finalmente encontrado alguém à sua altura. Basta esperar e conferir.
O cineasta também pretende surpreender o público brasileiro. "A Sina do Aventureiro" –primeiro filme brasileiro em Cinemascope, um western– e "Meu Destino em Suas Mãos", realizado entre 59 e 60– serão lançados em vídeo pela 2.001 Video, e o inédito "O Despertar da Besta" entrará em circuito nos cinemas do país. Enquanto isso, Mojica lança o livro "Crônicas de Terror do Zé do Caixão", co-escrito por seus dois filhos, e prepara sua biografia com o auxílio do jornalista André Barcinski.

Texto Anterior: Preço pode variar muito
Próximo Texto: Artifício arruina "Baile"
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.