São Paulo, sábado, 1 de janeiro de 1994
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Racismo está na base dos ressentimentos

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

As pesquisas sobre os sentimentos dos americanos em relação aos imigrantes não deixam dúvida de que grande parte da má-vontade atual se deve a simples racismo. Os estrangeiros latino-americanos, árabes e asiáticos, pela ordem, são muito pior vistos do que os europeus (inclusive os da Europa oriental) e africanos.
Esse racismo em parte se explica pelo fato de que a maior parte dos americanos atuais descende de europeus e africanos (58 milhões de alemães, 39 milhões de irlandeses, 33 milhões de ingleses, 24 milhões de africanos, 15 milhões de italianos, 10 milhões de franceses, 9 milhões de poloneses, 6 milhões de holandeses). Poucos odeiam seus ancestrais.
Outra razão é o fato de que a maior parte dos imigrantes –legais ou não– nos últimos 20 anos vêm da América Latina ou da Asia (22% são mexicanos, 8% vietnamitas, 6,3% filipinos, 4,3% dominicanos, 4% chineses, 2,7% salvadorenhos). Eles são mais visíveis para os americanos, quase sempre no desempenho de funções consideradas menos nobres.
Um terceiro fator para o desconforto provocado por estrangeiros de certas partes do mundo é a publicidade negativa de atos criminosos praticados por alguns deles. O atentado contra o World Trade Center, por exemplo, fez com que o sentimento antiárabe atingisse seus níveis mais altos nos EUA desde os sequestros de americanos em Teerã nos anos 70.
Contra latinos e asiáticos o racismo vem não só dos brancos, mas também dos negros. Muita da tensão social de cidades como Washington, Los Angeles e Miami se deve à rivalidade existente entre negros e latinos e asiáticos, provocada pela disputa pelo mercado de trabalho. Quando explode em conflitos, a tensão faz aumentar a antipatia generalizada contra latinos e asiáticos –que chegaram há menos tempo no país e, por isso, são vistos como merecedores de menos direitos. (CELS)

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