São Paulo, sábado, 1 de janeiro de 1994
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Giuliani toma posse hoje como prefeito de Nova York

FERNANDA GODOY
DE NOVA YORK

Desde o primeiro minuto de hoje, Nova York tem novo prefeito, o ítalo-americano Rudolph Giuliani, 49, advogado e ex-procurador federal. Giuliani celebra somente amanhã sua posse como sucessor do democrata David Dinkins, primeiro prefeito negro da história da maior cidade dos Estados Unidos.
E a festa já é motivo da primeira briga. O novo prefeito adiou a festa porque o dia 1.º de janeiro –data tradicional da posse– caiu num sábado, dia sagrado para os judeus. Giuliani, que é católico, se elegeu por pequena vantagem com apoio maciço do eleitorado judaico. Lideranças negras –e cristãs– protestaram.
"Nós consideramos isso um ato aberto de racismo. Ficamos muito preocupados com esse gesto", disse à Folha o reverendo Al Sharpton, uma das lideranças negras mais radicais de Nova York. A festa foi marcada para amanhã às 11h, exatamente o horário em que as igrejas protestantes do bairro negro do Harlem realizam seus cultos.
Giuliani, eleito por uma coalizão liberal-republicana –de oposição ao presidente dos EUA, Bill Clinton–, não parece disposto a deixar as pressões de grupos comunitários ou étnicos dirigirem seu governo. Em entrevista aos correspondentes estrangeiros, o novo prefeito disse que "está na hora de os nova-iorquinos pensarem menos em suas diferenças e mais no que os une".
Enxugando a máquina
Giuliani cortou cargos de representantes de comunidades –asiática, afro-americana, latina etc.– e revogou políticas de quotas de empregos para esses grupos, que haviam sido estabelecidas por seu antecessor segundo o princípio liberal da "ação afirmativa". Segundo Giuliani, o critério das nomeações foi e continuará sendo apenas o da competência.
Mas o novo administrador optou também por nomear pessoas com pouca ou nenhuma experiência prévia na administração pública. Ele próprio ocupando seu primeiro cargo eletivo, Giuliani está criando grande expectativa sobre o desempenho de sua equipe na prefeitura.
Durante os dois meses da transição, o time de Giuliani já anunciou a intenção de reduzir o tamanho da máquina administrativa. Para isso, empresas e órgãos públicos serão fundidos ou simplesmente eliminados.
Buraco de US$ 2 bi
O déficit do orçamento de Nova York em 1994 deverá superar US$ 2 bilhões, segundo as últimas previsões. Como Giuliani prometeu durante a campanha reduzir os impostos da cidade, que são os mais altos de todos os Estados Unidos, cortes nos gastos sociais e privatizações deverão ser os caminhos escolhidos.

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