São Paulo, domingo, 2 de janeiro de 1994
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O pior que pode acontecer

DA REPORTAGEM LOCAL

Nenhuma das consultorias considera provável a ocorrência do cenário pessimista. Mas as três acham que, embora com chances reduzidas, em torno de 15% das possibilidades, pode acontecer um desastre.
Para a MCM e a Rosenberg Consultores, o pior dos mundos começa do mesmo modo: o Congresso não vota o ajuste fiscal, ocorre algum acidente no governo, Fernando Henrique Cardoso e sua equipe deixam o ministério, abrindo-se um período de instabilidade enquanto Itamar escolhe os substitutos.
O novo ministro será levado a tentar algum tipo de choque, com o resultado de outras experiências: a inflação cai no primeiro momento e repica fortemente no segundo. O período será então igual ou pior do que em 89, no final do governo Sarney. Para a Rosenberg Consultores, a inflação pode bater nos 150% mensais em dezembro de 94.
Para a Macrométrica, o cenário pessimista tem o sugestivo nome de "atoleiro inflacionário". Ocorrerá se prevalecer o sentimento de tolerância em relação à inflação. Não haverá então nenhum programa forte de estabilização, mas uma política econômica que "se contentará com atuação discreta sobre os reajustes da taxa de câmbio e das tarifas públicas, de modo a estabilizar a inflação no primeiro trimestre do ano ao nível de 37% ao mês", diz Francisco Lopes.
Como isso não funciona, o ministro de plantão será levado a ações episódicas, quando as taxas subirem no segundo trimestre deste ano. E segue-se no segundo semestre, de novo, o cenário "Sarney 89". A inflação mensal bate nos 65% em janeiro de 95, mas, diz Lopes, "a forte posição de reservas internacionais do Banco Central impedirá que a superinflação se transforme em híper clássica".
A bola passa então para o novo presidente que, para Lopes, tentará algum tipo de choque sem imaginação. E o país continua no atoleiro inflacionário, entre choques e repiques de preços. Nesse caso, a estabilização fica para o outro presidente, em 1999. (CAS)

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