São Paulo, domingo, 2 de janeiro de 1994
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Equipe econômica já discute o provável sucessor para Fazenda

IVANIR JOSÉ BORTOT
SÔNIA MOSSRI

IVANIR JOSÉ BORTOT; SÔNIA MOSSRI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, vem concentrando esforços em duas áreas: aprovar o ajuste fiscal e garantir a indicação de seu sucessor para que o plano de combate à inflação possa ajudá-lo na disputa eleitoral deste ano.
Apesar de não admitir oficialmente que será candidato, FHC comenta reservadamente que sairá do ministério em abril para disputar a sucessão de Itamar. A própria equipe econômica já faz apostas sobre seu sucessor.
Segundo a Folha apurou na Fazenda, FHC assumiu pessoalmente as negociações do ajuste fiscal com o Congresso para implantar seu plano rapidamente. Assim, teria chances de fazer o seu sucessor junto a Itamar.
O economista Edmar Bacha é o preferido de Fernando Henrique para executar seu plano. O secretário da Receita Federal, Osiris Lopes Filho, é também uma das alternativas do Planalto. O secretário-geral da Presidência da República, Mauro Durante, tem feito lobby a favor de Osiris.
Mauro Durante possui grande influência junto ao presidente. O Planalto tem pesquisas de opinião pública que indicam a popularidade de Osiris em função do combate à sonegação.
Assessores de FHC reconhecem a popularidade do secretário da Receita, mas avaliam que sua indicação comprometeria a implementação do Plano FHC. Muitos integrantes da equipe econômica dizem reservadamente que deixariam o cargo caso o presidente optasse por Osiris.
Edmar Bacha tem dito a amigos que não aceitaria substituir FHC, por problemas familiares. Ele adiou para abril a posse de professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro, já contando com sua saída do governo em função da candidatura de FHC.
A negociação do ajuste fiscal feita por Bacha lhe rendeu aliados e desafetos. Vários ministros, especialmente os militares, não escondem a antipatia por ele.
Fernando Henrique Cardoso teria ainda como candidatos ao seu posto Pedro Malan, atual presidente do Banco Central, e o seu secretário executivo, Clóvis Carvalho. A indicação de Malan criaria um novo problema com o Senado. O governo teria que submeter mais uma vez à apreciação do Senado um novo presidente do Banco Central.
Malan é considerado ainda um peça importante no Banco Central para garantir o sucesso do plano, como a criação da nova moeda. Clóvis Carvalho aparece como uma terceira alternativa para gerenciar o plano. Mas não tem sustentação política.

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