São Paulo, segunda-feira, 3 de janeiro de 1994
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Camponeses temem desemprego com o Nafta

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS E DA

Redação
O Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) diz ter iniciado uma revolução em protesto pelos "abusos das autoridades contra os índios lacadones", que vivem na região. Os lacadones e outras comunidades indígenas de Chiapas têm há muito tempo conflitos com os governos estadual e federal, sempre ligados à questão da terra.
Os camponeses indígenas se queixam de ter sido enganados e de que seus costumes estão sendo substituídos pelos costumes ocidentais. Chiapas é o Estado mais atrasado economicamente do México.
A presença de um movimento guerrilheiro indígena foi detectada pela primeira vez em maio passado, quando houve um confronto em Ocosingo, entre índios e militares, com saldo de vários mortos. O ataque do último fim-de-semana, no entanto, foi o primeiro caso de violência com indícios de planejamento.
O protesto contra o Nafta (tratado de livre comércio entre México, Estados Unidos e Canadá) se baseia no temor de desemprego com a invasão de produtos agrícolas norte-americanos. O intelectual norte-americano Noam Chomsky, em seu livro "The Prosperous Few and the Restless Many" (Os poucos ricos e os muitos inquietos), calcula que os 13 milhões de camponeses mexicanos, obrigados a competir com um sistema agrário muito mais moderno, tendem a engrossar o contingente de desempregados nas cidades.
O EZLN estaria vinculado, segundo o governo mexicano, ao Partido Revolucionário Trabalhista Camponês – União do Povo e ao Partido dos Pobres, duas organizações guerrilheiras. Segundo as autoridades, testemunhas disseram que padres da Teologia da Libertação teriam ajudado os guerrilheiros, dando-lhes apoio com o sistema de rádio da diocese de San Cristóbal de las Casas.

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