São Paulo, segunda-feira, 3 de janeiro de 1994
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Guerrilheiros atacam 6 cidades no México

Indígenas declaram guerra ao governo e ao Nafta

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Erramos: 04/01/94
O mapa sobre os ataques dos guerrilheiros no México traz a localização errada de algumas cidades. A localização correta está no mapa publicado no caderno Mundo, à página 2-10 do dia 04/01/93.
Um até agora desconhecido grupo guerrilheiro indígena mexicano, o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), ocupou seis cidades no Estado de Chiapas (sudeste do México) nos últimos dois dias e declarou guerra ao governo do país e ao Nafta (Acordo Norte-Americano de Livre Comércio, assinado entre EUA, México e Canadá).
A cidade de San Cristóbal de las Casas foi o centro do levante. O EZLN ocupou a região por cerca de 30 horas. Um guerrilheiro, que parecia ser o líder do grupo e se disse chamar "Marcos", deu salvo-conduto aos turistas estrangeiros –entre os quais um número ainda desconhecido de brasileiros.
José Trejo, recepcionista do hotel Ciudad Real Teatro, de San Cristóbal, disse à Folha que os turistas saíram da cidade em ônibus e carros às 9h30 (hora local, 5h30 em Brasília).
Quando estavam saindo da cidade, os turistas foram alertados por jornalistas e moradores para que dessem meia-volta: cerca de 500 soldados do Exército, posicionados em Tuxtla Gutierrez, iniciavam uma contra-ofensiva e duros combates estavam sendo travados na estrada que liga as duas cidades.
Nenhuma autoridade havia alertado os estrangeiros sobre os riscos que corriam, disseram testemunhas. Recepcionistas de três hotéis contatados pela Folha disseram que os turistas seguiram viagem apesar dos combates.
O EZLN aproveitou a presença da TV mexicana em San Cristóbal para anunciar sua declaração de guerra. "Não haverá descanso. Não queremos o TLC (Tratado de Libre Comércio, nome do Nafta em espanhol). Queremos liberdade", disse um dos guerrilheiros. "Começou a guerra, a revolução em San Cristóbal de las Casas. Isto vai durar muito tempo, até que consigamos mudar tudo."
Os guerrilheiros dispunham de moderno equipamento de transmissão e se comunicavam com telefones celulares. As outras cidades atacadas pelos guerrilheiros foram Ocosingo, Altamirano, Las Margeritas, El Chamal e Rancho Nuevo. Eles incendiaram as sedes dos governos locais, saquearam farmácias e armazéns em busca de suprimentos e distribuíram computadores e aparelhos de TV aos moradores.
O governo mexicano acha que o levante do EZLN é um fato isolado e um porta-voz disse que a reação oficial deve ser "muito prudente, para não cair na provocação desse grupo". Sacerdotes locais tentavam ontem mediar um acordo com os guerrilheiros, dando-lhes 48 horas para entregar as armas; em troca, pedirão uma reunião com o governo para discutir seus problemas.

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