São Paulo, quarta-feira, 5 de janeiro de 1994
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Governo britânico não permite inseminação de óvulos de fetos

HUMBERTO SACCOMANDI
DE LONDRES

O governo britânico afirmou ontem que não vai permitir o uso de óvulos extraídos de fetos abortados no tratamento da infertilidade. O anúncio deve encerrar a polêmica que tomou conta do país desde que pesquisadores escoceses divulgaram, no início da semana, a nova técnica.
Segundo a ministra britânica da Saúde, Virginia Bottomley, a atual legislação britânica é muito cuidadosa quanto a questões éticas. "Ficaria surpresa se houvesse brechas", afirmou ontem à televisão.
A técnica, desenvolvida por cientistas da Universidade de Edimburgo, possibilita o uso em inseminação artificial de células de fetos femininos abortados. Os óvulos são extraídos e "amadurecidos". Em seguida, eles são fertilizados com o sêmen do doador e colocados no útero da paciente.
Essa técnica poderia acabar com a constante falta de doadoras de óvulos para tratamento de infertilidade no Reino Unido. As pesquisas, no entanto, estão suspensas desde o início da polêmica. A técnica foi testada com sucesso em camundongos, mas os cientistas não pretendem testá-la em seres humanos se o uso não for permitido.
Há dois obstáculos para esse tipo de tratamento. Primeiro, a criança gerada pode ter dificuldade em lidar com o fato de sua mãe biológica nunca ter nascido.
Segundo, o uso crescente de tecido fetal pode incentivar o surgimento de um mercado negro de abortos. Mulheres poderiam engravidar com o único objetivo de abortar e vender o feto.

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