São Paulo, quarta-feira, 5 de janeiro de 1994 |
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Senador admite aumento em emendas ao Orçamento
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA O senador Mansueto de Lavor (PMDB-PE) admitiu, em depoimento à CPI do Orçamento, que aumentou os valores de emendas apresentadas pelos parlamentares quando foi relator-geral do Orçamento, em 1992. Segundo levantamento da comissão, as emendas que tiveram o valor aumentado, em grande parte, beneficiaram a construtora Norberto Odebrecht.O nome de Mansueto aparece nos documentos encontrados na casa do diretor da Odebrecht, Ailton Reis, ao lado de percentuais que variam entre 4% e 5%. Algumas das obras beneficiadas pelo senador também aparecem nos documentos. O senador disse à CPI que, como relator-geral, tinha mais disponibilidade para fazer dotações maiores e evitar atrasos na execução das obras consideradas prioritárias. Em relatório à CPI, o TCU (Tribunal de Contas da União) apontou irregularidades em algumas dessas obras. Mansueto não soube explicar como o seu nome foi parar nos documentos da Odebrecht. Essa foi a principal questão sem resposta no depoimento de quase três horas à CPI do Orçamento. A CPI não conseguiu levantar muitas provas contra o senador. No início do depoimento, Mansueto defendeu a legalização dos lobbies no Congresso. "É preciso acabar com o concubinato entre setores ligados a interesses de empresas e setores do Congresso", afirmou. Mansueto entrou para a Comissão de Orçamento em 1989, sendo seu relator-geral em 1993. A CPI, Mansueto reconheceu que sonegou imposto de renda ao declarar a compra de uma casa em Brasília por um valor menor do que realmente foi pago. O imóvel foi comprado em 1992 por US$ 73,1 mil, mas apenas US$ 38,7 mil foram declarados. Ele atribuiu a responsabilidade da operação ao corretor que fez a transação. A movimentação bancária do senador foi parcialmente explicada, segundo integrantes da CPI. Ele chegou a apresentar números acima dos levantados pela comissão. Segundo o senador, seus créditos bancários foram de US$ 480 mil nos últimos quatro anos e meio. Pelas contas da comissão, foram US$ 430 mil. Mansueto reconheceu que teve uma movimentação bancária maior que seus rendimentos. Ele atribuiu este aumento à venda de imóveis e participações em atividades agropecuárias. O deputado Aloizio Mercadante (PT-SP) constatou que a movimentação bancária do senador foi maior durante os meses em que ocupou a relatoria-geral. Mansueto afirmou que se tratava da venda de patrimônio. Texto Anterior: A hora dos beneficiados Próximo Texto: Firmas negam irregularidades Índice |
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