São Paulo, quarta-feira, 5 de janeiro de 1994
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Bo traz soul com tempero de Nova Orleans

CARLOS CALADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Show: Eddie Bo, Algiers Brass Band, Bo Dollis e Monk Budreux
Onde: Bourbon Street (r. dos Chanés, 127, tel. 011/61-1643, Moema, zona sul de São Paulo)
Horários: abertura da casa, às 21h; show a partir das 23h. Ultimo dia
Ingresso: CR$ 8.000 e CR$ 6.000

Hoje é a última chance para que o público paulistano conheça um pouco da tradição musical de Nova Orleans, sem precisar de hotel e passagem aérea. Em show que reúne o pianista e cantor Eddie Bo, a Algiers Brass Band e os índios negros Bo Dollis e Monk Budreux, o recém-inaugurado Bourbon Street Music Club reafirma seu projeto de casa noturna voltada para o blues e o jazz. Melhor ainda: com requintes acústicos e de conforto que nenhum outro bar do gênero oferece hoje em São Paulo.
Imagine que Ray Charles tivesse nascido em Nova Orleans e, em vez das conhecidas influências jazzísticas, seu "rhythm n' blues" se misturasse à rica tradição musical da Louisiana. Era essa a sensação mais marcante ao se ouvir o simpático Eddie Bo, no show de anteontem.
No melhor estilo dos "showmen" dos botequins de Nova Orleans, Bo usa todos os recursos de que dispõe para capturar a platéia –da voz levemente rouca com algumas inflexões de "soul music" ao estilo bastante percussivo, quase martelado e hipnótico, de seu piano acústico.
Foi com um típico cartão de visita –a sacolejante "Iko Iko"– que Bo abriu sua participação, investindo na região mais grave do teclado. Emendou com uma versão "bluesy" da clássica "Blueberry Hill", pedindo a participação da platéia nos vocais, mas, para surpresa quase geral, acabou tomando um caminho inesperado.
O que se seguiu foi uma deliciosa seleção de clássicos da soul music, incluindo hits de Wilson Pickett ("Mustang Sally"), Ben E. King ("Stand By Me") e Ray Charles ("What'd I Say"), além da balada "I Can't Stop Loving You" (outra do "Genius"), todos revisitados com a forte personalidade musical de Bo, que jamais cai no decalque. Afinal, o velhinho tem cinco décadas de estrada.

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