São Paulo, quarta-feira, 5 de janeiro de 1994
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Pesquisadores debatem caso

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

A Inglaterra, pragmática, tenta banir qualquer imagem que lembre o assassinato de James Bulger. A França, racionalista, tenta entender o que acontece.
A primeira hipótese em circulação remete ao filósofo Michel Foucault: uma pena dessa natureza pretenderia criar a imagem de monstros para os criminosos e fingir que, à parte eles, tudo segue normal.
O psiquiatra Bruno Gravier diz, no jornal "Libération", que o problema central é descobrir "como nossas crianças tornaram-se assassinas". Janet Reibstein, psicóloga da Universidade de Cambridge, entende que está face "a um quebra-cabeças que talvez não tenha peça central".
A psicóloga Liliane Lurçat, do Centre National de Recherches Scientifiques, acredita que a TV seja a principal responsável pela mudança do comportamento infantil, por gerar o "contágio emocional imediato" num espectador, que já não diferencia real e imaginário.
Todas essas poderiam coincidir num ponto: o modelo Disney (da pureza infantil) e mesmo o modelo Pinocchio (a angústia do crescimento) estão subitamente atropelados pelas imagens de "Parque dos Dinossauros": a brutalidade arcaica explode nos monstros pré-históricos. As crianças vêem e adoram. O quebra-cabeça está de pé. (Inácio Araujo)

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