São Paulo, quarta-feira, 5 de janeiro de 1994
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Trauma ativa o fantasma da censura

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

O que começou com o assassinato de James Bulger por Robert Thomson e John Venables transforma-se rapidamente em uma série assustadora de delitos infantis.
Em outubro, na França, três meninos –um de 8 e dois de 10 anos– espancaram até a morte um mendigo, no dia 29 de outubro. Na Inglaterra, um jovem de 15 anos foi condenado à prisão perpétua por quatro incêndios criminosos (saldo: dois mortos).
No Brasil, M.H.A., 11, confessou ter matado no início de dezembro a faxineira que trabalhava em sua casa. No final do mês, nos EUA, um garoto de 10 anos espancou até a morte Lauren O'Neal, um ano, para que ela parasse de chorar. Na França, um menino de 5 anos morreu após ser torturado pelo irmão de 15.
Essa galeria sinistra faz lembrar "Família Addams 2", em que Vivinha e Feioso fazem o possível para matar o irmãozinho Pubert. Vale tudo, inclusive guilhotina.
Na Inglaterra, pátria de Jack, o estripador, o juiz que condenou a dupla Thomson/Venables qualifica o crime de "diabólico". Diversos deputados pediram ao ministro da Justiça restrições à venda de filmes de horror (o pai de Venables havia assistido "Brinquedo Assassino 3" poucos dias antes do crime). Na Irlanda, uma grande locadora tirou de cena a série "Brinquedo Assassino".
Com a decisão da censura britânica de adiar sua decisão sobre "The Good Son", volta à ativa o velho fantasma da censura. Foi em meio a uma grita sobre a possível influência perniciosa dos filmes que o então presidente da Motion Pictures Association (MPAA), William Hays, criou em 1930 o severo código de censura que levou seu nome.
Mesmo que esses códigos tenham perdido influência, ainda existe uma política de orientação da indústria cinematográfica (como do Office Catholique International du Cinéma). Mas hoje quem está mesmo na berlinda é a televisão. (IA)

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