São Paulo, quinta-feira, 6 de janeiro de 1994
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Aumento do ICMS sobre arroz feijão e carne eleva preços em 5%

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

Aumento do ICMS sobre arroz, feijão e carne eleva preços em 5%
O aumento de 7% para 12% nas alíquotas de ICMS sobre a carne, feijão e arroz, que passou a vigorar em janeiro em São Paulo, Rio e Minas, vai resultar em uma elevação de 5% nos preços desses produtos, no mínimo. Os cálculos foram feitos pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
José Silvestre Prado de Oliveira, técnico do Dieese, explica que esse será o aumento mínimo, pois além da alíquota maior do ICMS para a cesta básica, também passam a vigorar este mês o IPMF e a Cofins. O Imposto de Renda das empresas sobe 5%. "Todas as elevações de custos devem ser repassadas aos preços", afirma.
A maior carga tributária vai contribuir para puxar para cima a inflação em janeiro, concorda Julian Chacel, diretor do Instituto de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV). "Pelo menos num primeiro momento haverá alta de preços. Se realmente for realizado todo o ajuste fiscal idealizado pelo ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, e o déficit público diminuir, a taxa de inflação pode até cair no futuro", diz.
Chacel acredita que em um momento inflacionário como o que estamos vivendo mesmo o aumento de IR das empresas será repassado ao preço. "O Imposto de Renda deixa de ser um imposto direto e se torna indireto."
Segundo Chacel, o mercado financeiro projeta uma inflação de mais de 40% para este mês, superior aos 38,32% registrados em dezembro pelo IGP-M (Indice Geral de Preços do Mercado, apurado pela FGV). "O problema é que quando há consenso nas previsões, elas acabam se confirmando, pois todos começam a agir de acordo com elas", afirma.
Além do aumento nos impostos, Chacel acredita que os preços devem subir em ritmo maior este mês principalmente devido às incertezas com relação ao Plano FHC. "Há muita expectativa sobre se o Congresso vai aprovar ou não o corte de custos no Orçamento, que reduz a desordem nas contas públicas", disse.
A entressafra de alguns produtos agrícolas e produção insuficiente de outros também contribuirá para a escalada inflacionária, segundo Chacel.

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