São Paulo, sexta-feira, 7 de janeiro de 1994 |
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Congresso pede explicação de golpe a Corrêa
TALES FARIA; EUMANO SILVA
O presidente do Congresso, senador Humberto Lucena (PMDB-PB), e o vice, deputado Adylson Motta (PPR-RS), afirmaram que Corrêa deveria ter prendido os articuladores do golpe. As declarações irritaram o presidente Itamar Franco, que exigiu de Corrêa um desmentido público. O ministro da Justiça deu em seguida uma entrevista coletiva negando que Itamar tivesse sido procurado por civis e militares interessados na "fujimorização" do Brasil. Na entrevista à TV Manchete, Corrêa foi explícito. Disse que Itamar enfrentou "um dos momentos de maior turbulência da República". Segundo ele, a crise econômica e as denúncias de corrupção criaram "incentivos à fujimorização", numa referência ao autogolpe dado em 1992 pelo presidente do Peru, Alberto Fujimori. Segundo ele, "graças a seu espírito democrático e a sua formação", Itamar "resistiu a estas tentações". O maior interesse no Congresso é saber os nomes dos supostos golpistas, mas a entrevista coletiva foi imprecisa. "Ninguém formulou proposta nesse sentido (do golpe) diretamente e o presidente jamais aceitaria discutir isso. Minhas declarações foram uma interpretação do sentimento de parte da sociedade", afirmou Corrêa. O "clima" de golpe, segundo o ministro afirmou na entrevista coletiva, foi decorrência de fatores como inflação alta, salários e soldos baixos, empate no STF na votação da inelegibilidade do ex- presidente Fernando Collor de Mello e divulgação de denúncias de corrupção. Itamar cobrou o desmentido de Corrêa aconselhado pelo líder do governo no Senado, Pedro Simon (PMDB-RS), que foi ao Palácio do Planalto para informar ao presidente sobre as repercussões do caso no Congresso. Simon também sugeriu a Itamar que a Radiobrás cancelasse a retransmissão da entrevista dada pelo ministro ao jornalista Carlos Chagas, da TV Manchete. Na entrevista coletiva, Corrêa afirmou que a retransmissão foi cancelada "por questão técnica". Foram apresentados requerimentos de convocação do ministro da Justiça na Câmara e no Senado. Na Câmara, o autor foi Adylson Motta, e no Senado, Cid Saboia de Carvalho (PMDB-CE), em nome da bancada do PMDB. Humberto Lucena e o presidente da Câmara, Inocêncio de Oliveira (PFL-PE), afirmaram que os requerimentos devem ser aprovados na próxima terça-feira. Motta afirmou no seu requerimento que Corrêa, como ministro da Justiça, foi "incompetente". "Ou mandava prender de imediato esses golpistas, ou denunciava o fato de imediato." Texto Anterior: Autorizado só o repasse Próximo Texto: Itamar não comenta entrevista Índice |
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