São Paulo, sexta-feira, 7 de janeiro de 1994
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ACUSAÇÕES CONTRA IBSEN PINHEIRO

Cheques a Genebaldo
José Carlos Alves dos Santos disse que Ibsen Pinheiro pertencia ao esquema de corrupção na Comissão do Orçamento, segundo informação do próprio João Alves. Segundo José Carlos, Ibsen era muito ligado ao deputado Genebaldo Correia (PMDB-BA), que atuava como seu representante na comissão. Foram encontrados em suas contas três cheques de Genebaldo, somando US$ 30 mil, de junho de 89.
Ibsen disse que os três cheques se referem à compra de uma caminhonete F-1000, e apresentou os documentos de propriedade do veículo. Ele disse que o negócio foi desfeito e que devolveu o dinheiro a Genebaldo, mas não conseguiu explicar de que forma foi feita a devolução.

CPI arquivada
Ibsen também foi acusado de ter arquivado em 1992, quando era presidente da Câmara, um pedido de investigação sobre o desvio de verbas do Orçamento feito por 65 deputados.
O deputado disse que a comissão não foi formada por culpa do então presidente do Senado, Mauro Benevides. Este respondeu que a responsabilidade era de Ibsen.

Movimentação bancária
A investigação das contas bancárias do deputado pela CPI revelou uma movimentação bancária de US$ 2,3 milhões. Sua conta recebeu depósitos de US$ 1,2 milhão nos últimos cinco anos. Os salários acumulados de um deputado federal no período somam US$ 226 mil.
Ibsen afirma que a movimentação bancária não é indicativo do patrimônio. Disse que seu patrimônio soma US$ 348 mil, mas que sua movimentação bancária, que ele diz ser de US$ 1,4 milhão. Afirma que entre 89 e 90 vendeu um empreendimento agropecuário de US$ 800 mil.

Operação Uruguai
Três dias antes da posse de Fernando Collor, em março de 90, Ibsen fez negócios com a casa de câmbio Indumex, em Rivera (Uruguai), retirando do país US$ 57 mil. A comissão suspeita que Ibsen já sabia do confisco.
Ibsen afirma que a casa de câmbio trabalha no Brasil, e que o negócio foi realizado em Santana do Livramento. Afirma que o valor da transação foi de US$ 35 mil. O deputado se recusou a esclarecer a natureza da operação, dizendo tratar-se de um problema pessoal.

Apartamento
Ibsen comprou um apartamento em novembro de 90, para ser pago em 36 meses. O imóvel, avaliado em US$ 140 mil, foi pago em 14 parcelas. A Subcomissão de Bancos não encontrou nenhum cheque que correspondesse ao valor das prestações. Há suspeitas de que os pagamentos foram feitos em dinheiro. Também se menciona a possibilidade de o apartamento ter sido pago por uma empreiteira.
Ibsen disse que pagou o apartamento com cheques ao portador, mas se esqueceu que naquela época já estava em vigor a lei que proibia cheques ao portador em operações de alto valor.

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