São Paulo, sexta-feira, 7 de janeiro de 1994
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'Seca verde' enriquece o Pantanal

AMAURY RIBEIRO JR.
DA AGÊCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

A chamada "seca verde", já considerada a maior do século, está trazendo riqueza e provocando euforia nos fazendeiros e demais moradores do Pantanal Mato-grossense. A conclusão é do Sindicato Rural de Corumbá e do Centro de Pesquisa Agropecuária do Pantanal (CPAP), órgão da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
Segundo o presidente do Sindicato Rural, Paulo Machado Borges, 50, cerca de 2 milhões de hectares que havia mais de 50 anos estavam submersos tornaram-se intensas áreas de pastagens. "A água foi embora e a pastagem está brotando verdinha, pronta para receber milhares de cabeças de gado que começam a chegar na região", diz Machado.
Ele afirma que, ao contrário do Nordeste, a seca está acelerando a economia da região. "Seca no Pantanal é sinônimo de riqueza. Está todo mundo dando risada. O preço da arroba do boi não pára de subir e a venda de arames e de outros produtos cresceu 100% em relação a 92. Está todo mundo investindo", diz Machado.
Uma pesquisa da Embrapa informa que em 93 choveu em média 500 mm no Pantanal. O índice pluviométrico médio da região é de 1.200 a 1.550 mm ao ano. "Seca no Pantanal não equivale a dizer que não está chovendo. Ocorrem chuvas, mas elas são localizadas", afirma Urbano Abreu, 32, chefe da Embrapa.
Para Urbano, ainda é cedo para dizer que essa seca poderá representar uma nova era na região. "Por enquanto, caracterizamos a seca como atípica", diz. A pesquisa também não chegou a nenhuma conclusão sobre as consequências que a seca poderá trazer no futuro à flora e à fauna.
Os fazendeiros acreditam que até a fauna está ganhando com a estiagem. "Os pássaros estão mais gordos e com mais facilidade de capturar alimentos", diz o fazendeiro da cidade de Bonito (MS) Luemir Coelho.

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