São Paulo, sexta-feira, 7 de janeiro de 1994
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Projeto quer diminuir índice de evasão escolar

DA REPORTAGEM LOCAL

Criado pela Unicef (Fundo das Nações para a Infância) em maio de 92, o projeto "Todos pela educação" pretende diminuir os índices de evasão escolar no Brasil. Para isso, o projeto quer mobilizar vários setores da sociedade. Entidades de classe, associações de bairro e empresários estariam entre os encarregados de cobrar do Estado uma postura capaz de reverter a situação do ensino no país.
Segundo Mario Ferrari, representante-adjunto da Unicef no Brasil, de cada cem crianças que se matriculam na 1.ª série, apenas 12 concluem o 1.º grau. "Há uma cultura de aceitação da derrota, que atribui o fracasso a problemas de formação da criança, eximindo o sistema educacional", afirma ele. "Atualmente 93% das crianças têm acesso ao ensino e é preciso garantir que elas continuem e recebam o certificado".
Dados da Unicef indicam que mesmo o estudante que não completa o 1.º grau permanece em média por 6,4 anos na escola antes de abandoná-la. Isto revelaria o caráter persistente do povo e seria um dado importante a ser considerado pelo governo.
Os gastos com repetência na escola primária atingem US$ 2.580 mil por ano, segundo a Unicef. As crianças brasileiras demoram em média 2,1 anos para completar cada série e levam 12 anos para concluir o primeiro grau, um ciclo planejado para cinco.
O projeto "Todos pela educaçãp" coloca à disposição de entidades e governos municipais cartilhas e vídeos para orientação de sua atuação em busca de um sistema educacional mais adequado. Enquanto os governos recebem dicas para tornar viável a melhoria do ensino, a sociedade civil passa a conhecer os mecanismos de cobrança do poder público.
Relatos de experiências para renovação do ensino municipal em 15 cidades são outro ponto forte do projeto. Uma série de publicações chamada "Educação & Desenvolvimento Municipal" revela situações positivas atingidas em cidades isoladas por governos que priorizaram a educação na destinação de verbas. "As experiências não são necessariamente inovadoras, mas revelam o interesse pela educação em algumas administrações", diz Maria Alice Setúbal, do Cenpec (Centro de Pesquisas para Educação e Cultura), que publicou a série em convênio com a Unicef.

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