São Paulo, sexta-feira, 7 de janeiro de 1994
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Deee-Lite prepara novo disco de olho nas pistas

GUTO BARRA
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE NY

O Deee-Lite, responsável pelo estouro da dance nos anos 90, se prepara para lançar o seu mais novo disco, ainda sem nome, em abril. Em 1990, o disco "World Clique" mostrava a nova cara da dance, divertida e futurista. O trio, que esteve no Brasil em 1990 para participar do Rock In Rio, lançou em seguida "Infinity Within", álbum duplo de 1992, mais politicamente direcionado.
No comando do trio está o super DJ Dimitri, com sua Sampladelic Productions. Distribuindo fitas de seu trabalho como DJ, Dimitri já testa as novas músicas em sessões particulares para amigos, dividindo seu tempo entre produção, o trabalho de DJ em casas noturnas, e viagens. No seu "loft" psicodélico no bairro do Village em Nova York, Dimitri falou com exclusividade para a Folha.
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Folha - Como é o novo trabalho do Deee-Lite?
Super DJ Dimitri - Bem, ele está muito mais direcionado para as pistas de dança. Estamos tentando deixar o lado que agrada as rádios, e nos tornando mais underground.
Folha - E como você acha que está essa cena dance de agora?
Dimitri - Acho que estamos entrando numa coisa mais interessante agora, mais voltada para o underground. Acho que as raves estão se integrando mais com outros tipos de música, como o hip-hop e a house. Esse trabalho que estamos fazendo agora, é meio dedicado a essa mistura.
Folha - Como você chamaria o que o Deee-Lite faz agora?
Dimitri - Bem, nós sempre chamamos nossa música de "deep holographic groove", e continua sendo assim. Só que agora estamos mais influenciados por uma coisa que eu chamo "progressive house" (mais atmosférico).
Folha - E a produção?
Dimitri - Bem, já está quase no fim. O disco tem 16 faixas, e demorou quase um ano para ser feito. Eu e Lady Miss Kier trabalhamos juntos, e fizemos tudo aqui em casa, produzindo e gravando as vozes. Usamos computadores e samplers, para dar uma cara mais humana para a música.
Folha - Como sua gravadora vê essa volta ao underground?
Dimitri - A relação de uma banda de dance music com uma grande gravadora é sempre um jogo. Eles nunca fizeram muito pela dance porque eles sempre confiaram mais no suceso do pop. Eles são como bancos, sabem o que estão fazendo e sempre conseguem dar um jeito de recuperar o dinheiro que investiram. Mas com a gente, como aconteceu um estouro inesperado, então eles nos tratam bem.
Folha - O que vai acontecer com a dance em Nova York?
Dimitri - Nova York tem uma cena dance maravilhosa, nós temos a sorte de ter clubes bons sempre se destacando e bons produtores, como o Masters at Work, apesar de procedimentos nada bons por parte de alguns donos de casas noturnas, que monopolizam a noite.
Folha - E qual é a fase agora?
Dimitri - Acho que a cena acontece em ciclos, uma hora está ótimo, outra hora fica mais calmo, mas as pessoas estão sempre aí. A última grande fase foi em 90. Agora, depois de uma fase sombria em que o tecno reinou, teremos uma ótima fase.

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