São Paulo, quarta-feira, 12 de janeiro de 1994
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Carta usa modelo publicitário

DA REPORTAGEM LOCAL

Todas as pessoas que assinaram a proposta de "O Amanhã" receberam uma carta de quatro páginas em que o movimento explica por que deseja modificar a Constituição. Os argumentos recorrem à linguagem típica de folhetos publicitários. Confira:
"Uma oportunidade única! O senhor pode impor limites à TV na Revisão Constitucional. (...) Dê o primeiro passo AGORA. Assine a petição anexa e devolva-a com toda urgência."
"(...)Vamos exigir do Congresso que dê um BASTA ao enorme malefício causado por milhões de dólares em shows de sensações, vulgaridades, sexo, violência que só servem para induzir nossos filhos a um mundo sem limites, sem família, sem religião. Considere, por exemplo, o preço de APENAS 30 segundos de propaganda na novela das 8, na TV Globo: CR$ 1.942.000,00. (...) Pense agora nesses milhões sendo utilizados para corromper nossos filhos desde pequenos!".
"Lembra-se daquele caso do menino que se enforcou, depois de assistir na TV Globo a uma cena de simulação de suicídio passada em um filme? Imagine o drama daquela família! Mãe em estado de choque, pai e irmãos em prantos, colegas assustados, parentes e amigos consternados, escola fechada em sinal de luto. Quanta tragédia!"
"(...) Mas não é só a Globo com seus filmes e novelas. Está aí o SBT com seu violento e deprimente 'Aqui Agora' e outros mais; está aí a Bandeirantes com 'Sexta Sexy'. Está aí a Manchete..."
"(...) Aproveite esta excelente ocasião para tirar o Brasil do atoleiro moral em que se encontra, induzido em grande parte por maus programas de TV. (...)Mais do que nunca estamos precisando também de sua generosidade. (...) Envie-nos CR$ 2.000,00 e serão mais petições, mais notícias e mais pressões junto ao Congresso. Caso não lhe seja possível essa quantia, colabore pelo menos com CR$ 1.500,00."
Paulo Chaves diz que, dos 17,7 mil assinantes, 2 mil enviaram dinheiro à organização. "Não sei a quantia exata. Só sei que deu para cobrir as despesas."

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