São Paulo, quinta-feira, 13 de janeiro de 1994
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Righi recebeu cheque de João Alves em 90

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado Gastone Righi (PTB-SP) recebeu em agosto de 90 um cheque do deputado João Alves, no valor de US$ 13,5 mil. Essa ligação entre os dois, denunciada pelo deputado Benito Gama (PFL-BA), coordenador da Subcomissão de Bancos da CPI do Orçamento, é o único ponto encontrado até agora pela CPI que compromete Gastone com o esquema de corrupção no Orçamento da União.
Gastone recebeu um cheque em 12 de agosto de 90, depositado em sua conta no Banco Bandeirantes, em São Paulo, de Cr$ 5 milhões (valores da época). Para o relator da CPI, deputado Roberto Magalhães (PFL- PE), o cheque comprova a existência de uma relação entre Righi e João Alves.
Antes mesmo que Benito Gama denunciasse a existência do cheque, Righi mencionou que tinha feito "uma única transação comercial" com João Alves. Ele disse que, na campanha de 90, Alves procurou-o para comprar uma partida de papel para fazer cartazes eleitorais. "Ele sabia que eu tinha um bom relacionamento com fornecedores de papel e me procurou, desesperado", afirmou Righi.
Quando Benito mencionou o cheque, Righi associou-o à venda do papel. "Foi para isso. As datas coincidem", respondeu. O deputado não tem nenhuma prova desta transação, como recibos ou notas fiscais. De acordo com Righi, o papel fornecido a João Alves foi em parte sobra do seu próprio material e em parte outra quantidade que ele conseguiu junto aos seus fornecedores.
Independente do envolvimento com o Orçamento, Gastone poderá ter problemas com a Receita Federal. Foram encontradas várias irregularidades e ganhos inexplicáveis que não constam em sua declaração de renda.
Annibal
Ao depor ontem na CPI do Orçamento, o deputado Annibal Teixeira (PTB-MG) revelou ter emitido 33 cheques sem fundo, razão pela qual ficou proibido de movimentar contas bancárias durante oito meses. Segundo disse, o problema foi causado porque ele vendeu um apartamento em Belo Horizonte para cobrir despesas da campanha eleitoral de 90 e não recebeu.
O depoimento foi considerado "sem importância" pelo relator da CPI, o deputado Roberto Magalhães (PFL-PE). Teixeira foi convocado em virtude da denúncia do economista José Carlos dos Santos de que o esquema de irregularidades com subvenções sociais já funcionava quando Teixeira era ministro do Planejamento, no governo Sarney.

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