São Paulo, quinta-feira, 13 de janeiro de 1994
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Corinthians serviu de vitrine para o MM

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, não deu para entender por que a diretoria do Corinthians não acertou a compra do Rivaldo no momento em que ele começou a mostrar o seu potencial.
Ou por que não fixaram o preço do seu passe desde o início. Deixaram para negociar depois do sucesso dele no campeonato e na seleção e o resultado está aí.
Bem mais esperta foi a diretoria do São Paulo com o Juninho. O Corinthians apenas serviu de marketing nacional para o Mogi Mirim.
Animais e times
Já se sabe que os americanos não são pessoas muito sérias. No mundo do esportes, então, as chances da Gringolândia do tio Dave se tornar um lugar muito parecido com o reino das bonecas Barbie são bastante grandes.
Lá, como aqui, os times –seja de basquete ou de futebol– também são conhecidos por apelidos. Falamos no Peixe, no Leão, no Touro do Vale etc.
Mas, por mais fanáticos que possam ser os torcedores brasileiros pelos seus símbolos, penso que ainda não chegamos a tantas intimidades com o mundo da fantasia como naquele país –onde, aliás, um grupo de feministas passou a considerar que todo ato sexual humano que não tenha a reprodução como finalidade deve ser considerado um estupro.
Um professor da Universidade Xavier, Ohio, chamado Ernest Fontana –segundo Bob Matthews, do jornal "USA Today"–, está lançando o Grande Debate do Apelido dos Times Universitários.
Na listinha do ocupado professor Matthews, Tigre é o apelido adotado por 25 times de universidades americanas. Certamente pelo aspecto agressivo: os tigres da ira são preferíveis aos camelos da cultura, como diria o poeta. A América, realmente, não é um tigre de papel.
Em segundo lugar na lista de animais preferidos como símbolo, está o Buldogue, talvez por ser metade cachorro metade touro. Ele foi adotado por 22 universidades. Em terceiro neste curioso ranking, fica a águia, com 19 adoções. Como se vê, também por lá há quem prefira adotar a frieza e argúcia da ave de rapina.
Bob Matthews diz que ainda há uma lista grande de animais disponíveis, que não encontraram times para adotá-los. E sugere Girafa para algum time de basquete ou Gafanhoto (talvez pela referência à grama que há no nome do inseto em inglês) para um time de futebol.
Mas, nada bate o apelido adotado pelo time da Universidade da Califórinia, em Santa Cruz. Seus torcedores adoram ser chamados de alguma coisa parecida como os Lesmas de Banana.
Pode parecer engraçado para nós brasileiros. Mas, como tudo na vida, depende da perspectiva de quem está olhando. O colunista Matthews, por exemplo, inclui o Porco como um dos animais não recomendados para ser símbolo de time algum.
E todos nós conhecemos uma imensa torcida que, em caso raríssimo de identificação com os inimigos na história do esporte, adotou o símbolo da difamação como o apelido da afirmação de sua identidade –até então bastante maltratada pelos adversários.
Que tipo de estudos poderia desenvolver o expert no assunto, o nosso professor Fontana, quando descobrir que abaixo do Equador milhares de pessoas se juntam em estádios para gritarem "Pooorco" orgulhosamente?
Segundo o professor Fontana, os times devem mesmo procurar seus apelidos nos animais. "Ursos não podem falar", justifica ele.
Mas, no país das feministas furiosas e do Politicamente Correto, espere até que Associação dos Protetores do Animais comece a falar por eles.

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