São Paulo, sexta-feira, 14 de janeiro de 1994
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Relatório da prefeitura não aponta responsáveis por morte de bebês

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

O relatório do infectologista Edson Abdala sobre as mortes de seis recém-nascidos no Hospital Maternidade Escola de Vila Nova Cachoeirinha (zona norte), entre os dias 23 e 26 de dezembro, não vai apontar responsabilidades pelo ocorrido. O relatório foi solicitado pelo secretário municipal de Saúde, Silvano Raia, no dia 24, após as três primeiras mortes.
O infectologista trabalha no Hospital das Clínicas, no setor de transplante de fígado, o mesmo em que atua o secretário. Segundo Abdala, é "internacionalmente comum" a dificuldade de se apontar as causas e as responsabilidades por um surto de infecção em um berçário de alto risco, como o de Cachoeirinha. "Todas as crianças eram precoces e nasceram com 1.460 gramas de peso em média. Seus mecanismos de defesa eram muito precários."
Abdala afirma que a principal dificuldade é que bactérias diferentes causaram a enterocolite necrotizante aguda (grave infecção intestinal) que matou as seis crianças. "Se fosse a mesma bactéria, seria mais fácil identificar as casuas."
O médico também levou em conta a falta de pessoal e de alguns materiais básicos, mas ele afirma não acreditar que um desses fatores tenha causado a infecção: "Estas deficiências se arrastam há mais de um ano e está é a primeira vez que o problema acontece". Para Abdala, "alguma coisa aconteceu no procedimento normal do berçário e causou as mortes".
Ontem, o médico que denunciou as mortes, Rubens Calvo, e o vereador Adriano Diogo (PT) entregaram requerimento ao promotor Waldo Favveo Júnior, do Ministério Público, solicitando instauração de inquérito para apurar responsabilidades pela mortes dos bebês. (Luis Henrique Amaral)

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