São Paulo, sexta-feira, 14 de janeiro de 1994 |
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'Filhotes' de Madonna investem em ritmos negros
EVA JOORY
A outra contratação na qual Madonna apostou todas as suas fichas, foi a da cantora americana de origem africana, Me'Shell Ndege Ocello, 24. O sobrenome, adotado, significa livre como um pássaro. Segundo Me'Shell, foi Madonna que a incentivou a cantar, o que culminou no disco "Plantation Lullabies". A música de Me'Shell, que toca quase todos os instrumentos, compõe e faz todas as vozes nas 13 faixas, busca inspiração no cool jazz, no rap e no hip hop. Mas o seu som não tem raízes somente no acid jazz. "Plantation Lullabies" tem balanço, suíngue e mostra que Me'Shell tem desenvoltura para flertar com todos os estilos e, mais do que isso, tem currículo. Além de já ter tocado baixo com Caron Wheeler (ex-vocalista do Soul II Soul), foi diretora musical de alguns projetos do Arrested Development. O que mais impressiona em Me'Shell é sua voz rasgada, ao mesmo tempo grave, sexy e até triste. A cantora tem classe e estilo único. De todas as divas que surgiram nos últimos anos, Me'Shell é a que tem mais vocação para se tornar uma. Seu jeito de cantar está mais próximo a um discurso rítmico, mais suave do que o rap, e quase tribal. Duas músicas se sobressaem no disco: "If That's You Boyfriend (He Wasn't Last Night)", um rap jazz com balanço, e "Step Into The Projects", um hip hop pontuado por um baixo pulsante e um sax melódico. Com segurança de poeta, Me'Shell bebe na fonte de gente como Last Poets –no jeito em que declama seus versos melancólicos– Guru e até Digable Planets. Até agora a cena musical não viu surgir uma cantora tão revolucionária. Com o sucesso de "Plantation Lullabies", Me'Shell já garantiu seu sucesso. Foi convidada pela diva eterna Chaka Khan para escrever algumas músicas do seu próximo disco. Ponto para Madonna. Disco: Plantation Lullabies Autor: Me'Shell Gravadora: Maverick (Warner) Preço: CR$ 6 mil (CD, em média) Observação: os discos são importados, mas distribuídos nas lojas normalmente pela Warner Texto Anterior: Manoel de Barros não é Shakespeare Próximo Texto: Proper Grounds injeta novidade no rap Índice |
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