São Paulo, sexta-feira, 14 de janeiro de 1994![]() |
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Pizza no forno A CPI do Orçamento, que em outras ocasiões soube exibir vigor e determinação, aproxima-se de seu fim com a energia de um moribundo. Parecem estar prevalecendo as forças do corporativismo e da abulia. Com efeito, na reta final, a comissão simplesmente ignorou o elementar princípio de atribuir tratamento igual a todos os que tiveram, de alguma forma, seus nomes envolvidos nas denúncias de irregularidades. E se alguns tiveram suas movimentações bancárias amplamente investigadas e enfrentaram a cuidadosa sabatina do plenário da CPI, outros, inexplicavelmente, mereceram um rápido exame em suas contas e tiveram de dar explicações a uma indulgente comissão de poucos parlamentares. Há mesmo aqueles que, apesar da existência de indícios materiais que recomendariam uma apuração mais detalhada, não tiveram seus sigilos fiscal e bancário quebrados e foram dispensados de prestar quaisquer esclarecimentos. É o caso dos deputados Miguel Arraes e Roseana Sarney. Como se trata de um cacique da esquerda e da filha de um cacique da direita, fica a suspeita de que alguma espécie de acordo espúrio os isentou de enfrentar a comissão. Ora, se nada devem, como proclamam, deveriam ser os primeiros a querer ter suas contas amplamente investigadas para provar de uma vez por todas que estão inocentes. Ocorre ainda que, a permanecer essa mesma frouxidão que vem caracterizando a atuação recente da CPI, cairá em descrédito o instrumento da Comissão Parlamentar de Inquérito e piorará ainda mais a imagem do Legislativo, um dos três Poderes que alicerçam o Estado de Direito. Não se pode tampouco ignorar que a demanda por ética deflagrada com mais esse escândalo representa uma oportunidade que não pode ser desperdiçada para o país atingir um novo patamar de moralidade pública. A profunda investigação de todos –é bom repetir, todos– os envolvidos e a exemplar punição dos que roubaram é o mínimo que a sociedade exige daqueles que são pagos por ela para representá-la. Próximo Texto: Super-homem indesejável Índice |
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