São Paulo, sábado, 15 de janeiro de 1994
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EUA apressa a busca de ex-procuradora do INSS

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

A secretária da Justiça dos EUA, Janet Reno, vai nomear um procurador da república a fim de acelerar o processo para localizar, prender e extraditar para o Brasil a ex-procuradora do INSS no Rio, Jorgina Fernandes, que se acredita estar foragida em Miami desde sua condenação a 14 anos de cadeia, em julho de 1992.
Fernandes foi condenada por peculato e formação de quadrilha. Calcula-se que ela tenha lesado o INSS em quantia equivalente a U$ 100 milhões. Brasil e EUA mantêm acordo de extradição. A decisão de Reno ocorreu depois de um encontro dela esta semana com o embaixador do Brasil em Washington, Paulo Tarso Flecha de Lima, e com o chefe da seção consular brasileira na capital dos EUA, Roberto Ardenghy.
PC Farias
Na mesma reunião, os diplomatas realçaram para Reno a importância que tem para o governo e a opinião pública do Brasil o pronto atendimento aos pedidos feitos pelo Superior Tribunal Federal e pela CPI do Orçamento no sentido que seja quebrado o sigilo bancário de Paulo Cesar Farias nos EUA. O STF fez esse pedido em setembro de 1993 e a CPI em novembro.
Flecha de Lima e Ardenghy levaram a Reno toda a documentação necessária para o governo dos EUA autorizar a liberação de todos os dados disponíveis sobre as movimentações bancárias de Paulo Cesar Farias neste país. Ele tem duas contas aqui: uma no Citibank, em Miami e outra no Commercial Bank, em Nova York.
Reno demonstrou ter ficado impressionada com a exposição feita por Flecha de Lima e Ardenghy sobre a repercussão que têm no Brasil os fatos ligados ao julgamento de Paulo Cesar Farias e outros acusados de corrupção e prometeu cooperar para que os dois processos sejam terminados o mais depressa possível.
Flecha de Lima também relatou a Reno detalhes da criação pelo governo da Secretaria Nacional de Entorpecentes e explorou as possibilidades de futura cooperação entre os governos dos dois países na área do combate ao tráfico de drogas.
O governo Clinton está alterando de maneira radical a política dos EUA nesse setor em relação ao que se praticava na administração Reagan-Bush. Entre outras decisões, Reno vai desmilitarizar a ajuda dos EUA a países da América Latina nesse assunto.

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