São Paulo, sábado, 15 de janeiro de 1994
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Números

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Contando hoje, faltam três dias. Na segunda-feira, termina a investigação do maior escândalo conhecido da política brasileira. Por mais que o Jornal Nacional chamasse ontem para o "recorde nos pedidos de punição a parlamentares", o fato é que os números devem ficar bem abaixo do esperado. O recorde anunciado por Cid Moreira, por exemplo, não passava dos 17.
No Jornal Bandeirantes, as previsões não foram muito diferentes. Elas estão surgindo dos relatórios que vão sendo finalizados pelas subcomissões, para entrega na segunda-feira. Os integrantes da CPI estão em ritmo de fim de festa, por mais que alguns noticiários, como o TJ Brasil e o mesmo Jornal Bandeirantes, digam com vã esperança que "o fim-de-semana ainda pode esquentar as investigações".
Desespero
O Jornal Nacional não desiste de Ricardo Fiuza. Deu manchete vigorosa para o pefelista: "Ricardo Fiuza depõe mais uma vez e faz um desafio à CPI." O desafio era o de sequestrarem seus bens, caso venha ser provada sua culpa. Isso não é desafio: é lei. Na cobertura interna, o correspondente da Globo chegou a dizer que Fiuza mostrou que está "tudo regular".
Não foi bem o que informou o Jornal Bandeirantes, que deu a confirmação do relator Roberto Rollemberg de que o "empréstimo irregular" do pefelista "vai constar do relatório". O noticiário avaliou que "a defesa do deputado ficou prejudicada pela falta de documentos". Mais até, avaliou que Fiuza, acuado, "está lutando desesperadamente".
Só luta desesperadamente quem está desesperadamente mal. E bastou acompanhar o depoimento, nas imagens do próprio Jornal Nacional, para constatar que a superioridade do pefelista já desapareceu –por mais que ele continue, como disse da primeira vez, com sua cara de rico. Foi o Jornal da Record que notou, algo penalizado: "Ao contrário da primeira vez, ele estava muito nervoso."
Auditoria
O documento com o resultado da auditoria nas contas de Ibsen Pinheiro, que o próprio levou à CPI, apareceu com destaque em imagem do Jornal Nacional. Na capa, em grandes letras, o nome da empresa de auditoria que ele contratou: Trevisan. Aquela, do Quércia.

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