São Paulo, sábado, 15 de janeiro de 1994 |
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'Sem pressa', delegado não busca suspeito
CLAUDIO JULIO TOGNOLLI
A Folha apurou que os dois investigadores responsáveis pelo caso, em São Paulo, estão trabalhando apenas nas funções de entregar as intimações, para as testemunhas que devem prestar depoimento. Até a tarde de ontem, a equipe operacional do caso não havia ainda recebido ordens para investigar os únicos documentos do crime –entregues à polícia por Sônia Aparecida de Carvalho, uma das diretoras financeiras do Sindicato dos Condutores Rodoviários do ABCD. Os documentos, segundo ela, mostram detalhadamente o que a polícia se debate para saber: o quanto de papéis Oswaldo Cruz Júnior dispunha, ou não, para justificar um assassinato político como "queima de arquivo". O delegado Nelson Guimarães só encontrou a principal testemunha do caso, José Basílio dos Santos, depois que ele se apresentou à imprensa, dizendo-se disposto a falar com a polícia. A primeira testemunha convocada pelo delegado, Luiz Antônio de Medeiros, presidente da Força Sindical, foi a que mais falou em depoimento. Falou por três horas, mas não levou nenhum documento que comprovasse "queima de arquivo do PT" –como havido declarado. Mas, a portas fechadas, Medeiros relatou ao delegado que Cruz havia-lhe dito: "Não posso te dar documentos porque eu também estou metido na rateação das verbas do sindicato". Restam à polícia as provas materiais, no caso o laudo pericial da cena do crime. O laudo do caso foi considerado por três peritos ouvidos pela Folha como "juridicamente imprestável". A peça esclareceria a principal controvérsia do caso: se o diretor José Carlos de Souza, o Carlinhos, impediu ou não a saída de Oswaldo Cruz da sala em que seria morto. Guimarães diz que não vai pedir novo laudo. Mas ontem o promotor do caso, Pedro Guimarães Pereira, foi à cena do crime e considerou o local prejudicado. Na próxima semana a polícia deve reouvir pelo menos duas das testemunhas, para acertar detalhes que o laudo não foi capaz de esclarecer. Transferência O secretário de Estado de Segurança Pública, Odyr Porto, afirmou ontem que não irá transferir de volta a Santo André as investigações sobre a morte do sindicalista Oswaldo Cruz Júnior, presidente do Sindicato dos Condutores do ABCD. O pedido de retorno havia sido feito anteontem pelos promotores Pedro Baracat e André Coimbra, designados para acompanhar todas as atitudes do delegado Nélson Guimarães. "O delegado é a mair autoridade policial no setor de homicídios no Estado, afirmou Porto." Texto Anterior: Perito admite falhas em seu laudo sobre o local do crime Próximo Texto: 'Tropa de choque' anti-PT dominará CPI Índice |
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