São Paulo, sábado, 15 de janeiro de 1994 |
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Polícia Militar ocupa Acari após ataque
SÉRGIO TORRES
Apesar da invasão do Bope (Batalhão de Operações Especiais) em Acari e no morro Jorge Turco (Rocha Miranda, zona norte), nenhum traficante havia sido preso até o fim da tarde. A polícia não conseguiu localizar os autores dos disparos contra os policiais militares. A confusão em Acari começou cedo. De madrugada, escutaram-se muitos tiros. Quando amanheceu, o corpo de um travesti não-identificado foi achado crivado de tiros em frente à favela. A vítima era mulata e aparentava 30 anos. Estava vestido com calça azul, tênis e sutiã. Todos pensavam que se tratava de uma mulher. Só com a perícia, que desnudou o corpo, se descobriu que era um homem. Bilhete Ao lado do corpo, um bilhete avisava: "Parazão de novo. E quem me trair morre. Eu sou terrível". A 40.º DP (Delegacia de Polícia) informou não ter condições de descobrir se foi realmente Parazão quem matou o travesti e escreveu o recado. Enquanto aguardavam a perícia ao lado do corpo, uma dupla de soldados do 9.º BPM (Batalhão de PM) foi alvejada por tiros disparados de dentro da favela. Os policiais militares se esconderam atrás do Gol da corporação, mas decidiram não responder aos tiros, com medo de serem atacados por um número grande de traficantes. Pelo rádio, eles pediram socorro. O Bope chegou com vontade. Vielas e becos foram ocupados e dezenas de pessoas revistadas. Ninguém foi preso. O vizinho conjunto habitacional Amarelinho foi vasculhado por policiais civis da DRE (Divisão de Repressão a Entorpecentes). Jorge Turco Situado a dois quilômetros de Acari, o morro Jorge Turco também recebeu a visita dos policiais militares do Bope. Como em Acari, ninguém foi preso. A favela Jorge Turco seria o esconderijo de Jorge Luiz, traficante que luta contra Parazão pelo controle dos pontos de venda de drogas em Acari. O confronto entre Jorge Luiz, do TC (Terceiro Comando), e Parazão, do CV (Comando Vermelho), já causou a morte de pelo menos 25 pessoas, segundo a Polícia Militar. A "guerra" começou há três meses. Texto Anterior: Volta o cortina de bambu Próximo Texto: Ladrões atiram em fiscal, fogem e são mortos pela PM Índice |
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