São Paulo, domingo, 16 de janeiro de 1994
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Ferraz aponta a inadequação dos projetos

DA REDAÇÃO

Ferraz aponta a inedaquação dos projetos
"Num país rico, o desperdiçar é condenável, mas não é grave. Em um país pobre, é altamente comprometedor." Afirmação é do ex-prefeito de São Paulo, José Carlos Figueiredo Ferraz, durante o debate.
Segundo ele, é importante verificar onde se dá o desperdício e de que forma se pode evitá-lo. "Desperdício em quê? Em tudo e por tudo: no ato de produzir uma riqueza, no ato de circular, no ato de fazê-la chegar aos centros consumidores, no ato de gerenciar o processo", disse.
Para ilustrar o tema, o engenheiro citou o caso do setor energético. O gasto indevido e a inadequação dos projetos provocam desperdício de 20 a 25%. "Fala-se muito que estamos ameaçados por falta de energia. Mas se ela fosse utilizada de forma racional, talvez não seria preciso investir nesse setor durante dois ou três anos", afirmou. Em sua avaliação, a energia disponível hoje é suficiente para garantir o desenvolvimento no curto prazo.
Segundo ele, o desperdício existe em vários setores. Andando na rua, por exemplo, 90% do espaço viário é ocupado pelos veículos particulares. Cada um transporta de uma a duas pessoas em média e ocupa cerca de sete metros. Enquanto isso, disse Ferraz, os ônibus transportam cerca de dez pessoas por metro quadrado. "Precisamos evitar esse grande desperdício. O carro não paga o custo social de sua presença. É preciso incentivar ao máximo o transporte coletivo", afirmou.
Segundo o ex-prefeito, o metrô de São Paulo é hoje um dos maiores instrumentos de fluxo de passageiros. Transporta cerca de 2,5 milhões de pessoas por dia. No entanto, há somente 45 quilômetros de linha. Isso corresponde a um décimo do metrô de Paris, cidade bem menor, disse.
Na construção, as perdas são significativas. O que se gasta para fazer quatro edifícios, daria para construir cinco. Também ocorrem desperdícios na saúde, educação e na burocracia estatal, afirmou.

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