São Paulo, domingo, 16 de janeiro de 1994
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Ézio não explica a origem de US$ 14 mi

Deputado será incluído na lista dos cassados

CYNARA MENEZES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado Ézio Ferreira (PFL-AM) não explicou a origem dos U$ 14 milhões encontrados em suas contas bancárias nos últimos cinco anos e já é considerado integrante da lista do cassados por parlamentares que compõem a CPI do Orçamento. Ferreira se recusou a responder muitas perguntas alegando que a movimentacão bancária é "uma questão pessoal". Acusado de perjúrio pelo deputado Nelson Trad (PTB-MS), retirou o julgamento de dizer toda a verdade.
Ézio Ferreira, o deputado mais votado do Amazonas em 1990, também recebeu U$500 mil em cheques de empreiteiras, às quais reconheceu estar ligado. "Sou amigo dos meus amigos, não vou negar", afirmou. Ele não soube explicar porque recebeu U$360 mil da construtora Castor, de propriedade do "amigo de infância" Rui Cantanhede, em julho de 1990.
O deputado admitiu ainda ter presenteado o então diretor de Orçamento José Carlos dos Santos e família com passagens aéreas para Aruba, em 1991, porque o considerava "um necessitado". No mesmo ano, movimentou U$624 mil para apenas U$77,8 de salários como parlamentar.
Em 1989, o deputado teve uma movimentação bancária de U$5,6 milhões contra vencimentos de U$98,1 mil. Em suas declaracões ao IR, os salários como parlamentar são apontados como única fonte de renda. Ézio Ferreira pode ter deixado, inclusive, de declarar renda em 1990. Sua declaracão não foi encontrada pela Receita. Naquele ano, movimentou U$6,4 milhões nos bancos e recebeu somente U$ 123,9 mil da Câmara.
As explicações prestadas inicialmente pelo deputado de que fora adotado por uma família rica do Amazonas, daí sua renda, não satisfizeram à CPI. Tamb/em não convenceu a apresentação de um contrato comercial para justificar a origem da renda, porque não tinha firma reconhecida.
"Ele já está na lista dos cassados", disse o deputado Aloísio Mercadante (PT-SP). Por uma confusão da CPI, o vice-presidente Odacir Klein (PMDB-RS) não perguntou a Ézio, arrolado como testemunha, se aceitava o juramento lido no princípio do depoimento, que acabou sendo retirado. "Agora de testemunha ele passou a réu", avaliou Nelson Trad. Até agora, só o deputado João Alves (sem partido-BA) havia usado a prerrogativa de não aceitar o juramento para depor.

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