São Paulo, domingo, 16 de janeiro de 1994
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Polícia investiga falsificação de atas

CLAUDIO JULIO TOGNOLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Foi aberto ontem um novo inquérito policial contra o empresário Wagner Canhedo, principal acionista da Viação Aérea São Paulo (Vasp). Ele, que já havia sido indiciado sob acusação de formação de quadrilha, agora é acusado de falsificação de atas de reuniões da diretoria acionária.
A assessoria da Vasp foi procurada anteontem pela Folha, para dar sua versão do assunto. Segundo a empresa, só o advogado criminalista da empresa, Márcio Thomaz Bastos, falaria em nome de Canhedo. A secretária do advogado, por sua vez, afirmou que Thomaz Bastos volta de viagem de férias hoje, e deve se pronunciar sobre o assunto na próxima segunda-feira.
O novo inquérito policial foi solicitado ao delegado Aldo Galiano Jr., titular do 36.º Distrito Policial, no Paraíso (zona sul), pela promotora de Justiça Berenice Maria Aparecida Matuck, do Ministério Público de São Paulo.
Agora a polícia começa a investigar acusações de que Canhedo teria falsificado atas de reunião dos acionistas. Com isso, o empresário teria conseguido omitir dos outros acionistas superfaturamento de bens de consumo, que ele teria comprado de uma de suas empresas e vendido a preços irreais para a Vasp.
Além de Canhedo, 12% das ações da Vasp são da VOE, associação de funcionários da companhia aérea. Outros 39% do capital estão nas mãos do governo do Estado de São Paulo.
O delegado Aldo Galiano Jr. recebeu da VOE um conjunto de três notas fiscais emitidas pela empresa de formulários e uniformes Polifábrica, de Brasília.
As notas, no total de US$ 200 mil, configuram superfaturamento: em 19 de novembro passado, por exemplo, a Vasp pagou CR$ 190.528,42 (US$ 897,00 ) por cada boné para mecânicos. Uma jaqueta custou CR$ 295.263,70 (US$ 1.391,00). As notas são impressas na Viplan, Viação Planalto, uma das empresas do grupo Canhedo.
Com isso, a polícia suspeita que a Polifábrica seja uma empresa montada pelo empresário para superfaturar bens à Vasp.
Na próxima semana, o delegado Galiano recebe do deputado uruguaio Hugo Cores provas de que Canhedo emitiu falsas certidões de execuções cíveis e criminais, na tentativa de tentar comprar a estatal uruguaia Pluna.

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