São Paulo, domingo, 16 de janeiro de 1994
Texto Anterior | Índice

A seleção brasileira de todos os tempos

MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE

Escalar a seleção brasileira de todos os tempos não é moleza. Quais seriam os critérios? Escolher apenas os atletas que se viu jogar? Confiar nos conselhos do vovô? Controlar a vontade e deixar de lado os ídolos que só você admira? Pois foram essas perguntas que atormentaram 46 pessoas a convite da Folha.
Foram ouvidos jornalistas, técnicos e ex-jogadores (confira a lista dos votantes e os atletas lembrados em quadro na pág. 7). Alguns, como o articulista Alberto Helena Jr., ditaram sua equipe de bate-pronto. Outros, como os técnicos Telê Santana e Zagalo, pediram mais de 24 horas para pensar no escrete dos sonhos.
Os 11 titulares estão acima. Não é preciso escrever nada sobre esses "cobras". Confira outras curiosidades da enquete:
* - Os entrevistados têm em média 53 anos –numa ponta, o ex-técnico Flavio Costa, 87; na outra, este editor, 26. A idade média da seleção de todos os tempos –se Garrincha fosse vivo– é maior: 62 anos.
* - Os "reservas" formariam com Leão; Djalma Santos, Mauro Ramos, Bellini (Orlando) e Júnior; Falcão, Gérson, Zico e Rivelino; Tostão e Canhoteiro.
* - Para o comando da superseleção, foi homenageado o disciplinador Telê Santana. Se pudesse, porém, o técnico do São Paulo teria escalado uma equipe bastante diferente: Castilho; Leandro, Mauro Ramos, Nílton Santos e Júnior; Falcão, Zizinho e Zico; Garrincha, Pelé e Canhoteiro.
* - Os atletas em atividade receberam seis indicações, só 1% do total. Foram lembrados Romário, com dois votos, e Jorginho, Cafu, Careca e Ricardo Rocha.
* - Pepe, atual treinador do Santos, foi o que mais se aproximou da seleção titular escolhida. Só preferiu Zico, que encerrou hoje no Japão a sua carreira de jogador, a Didi.
* - O tricampeão Zagalo teve apenas um voto –do discípulo retranqueiro Sebastião Lazaroni.
* - A seleção mais "diferente" foi escalada por Zezé Moreira. O ex-técnico desprezou o óbvio e premiou jogadores das décadas de 20 e 30. Algumas escolhas: no gol, Marcos Mendonça, o primeiro a vestir a camisa da seleção brasileira (1914), e no meio-campo, Filó, campeão mundial em 1934 pela Itália.
- Entre os 46 entrevistados, a escalação não se repetiu nem uma vez sequer. Viva a polêmica.

QUADRO:
GILMAR (22.08.30)
Goleiro, jogou no Santos e Corinthians e foi bi mundial em 58/62.

CARLOS ALBERTO (17.07.44)
Lateral-direito do Flu, Santos, Fla e Botafogo, capitão do tri em 70.

LUÍS PEREIRA (21.06.49)
Zagueiro, viveu o auge no Palmeiras nos anos 70 e disputou a Copa/74.

DOMINGOS DA GUIA (24.07.12)
Zagueiro, pai de Ademir da Guia, foi tri no Fla e jogou a Copa/38.

NILTON SANTOS (16.05.25)
Lateral-esquerdo, do Botafogo, disputou 4 Copas e foi bi em 58/62.

ZITO (08.08.32)
Volante do Santos, decacampeão paulista, 3 Copas, bi mundial em 58/62.

DIDI (08.10.29)
Meia do Flu e Botafogo, 21 gols pela seleção, 3 Copas e bi em 58/62.

ZIZINHO (14.09.22)
Meia, jogou no Bangu, Flamengo, São Paulo e foi vice do mundo em 50.

PELÉ (23.10.40)
Atacante do Santos, 11 vezes artilheiro paulista, tri em 58/62/70

GARRINCHA (28.10.33 - 1983)
Ponta-direita do Botafogo, maior driblador da história, bi em 58/62.

LEÔNIDAS DA SILVA (06.09.13)
Atacante, foi pentacampeão paulista pelo São Paulo na década de 40.

TELÊ SANTANA (26.07.31)
Técnico, perdeu duas Copas, mas desde 91 ganha tudo no São Paulo.

Texto Anterior: Manifesto acusa a imprensa em 1973; Brasil se concentra debaixo de neve; Falcão é o 1.º a ser vendido à Itália; Clubes mudam na década de 80; 'Lazaronês' não funciona em 1990
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.