São Paulo, domingo, 16 de janeiro de 1994
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SP cria "nouvelle cuisine" nas ruas

ADRIANE GRAU
DA REPORTAGEM LOCAL

Cidade cria 'nouvelle cuisine' nas ruas
Gastronomia das calçadas inclui damascos caramelados, pipocas com provolone e pastel verde
São Paulo criou nas ruas sua 'nouvelle cuisine'. Enquanto gourmets misturam laranja e peixe, Zé Ulisses, que tem uma barraca na porta da estação Belém do metrô (zona leste de São Paulo), tempera suas batatas fritas com queijo minas, meia-cura, ralado.
O roteiro gastronômico das calçadas inclui ainda hot dog com catupiry, damascos caramelados, pipocas com provolone e massa de pastel com orégano e salsinha.
Muitas receitas surgiram do "desespero". O empresário Edson Senhore, 44, tinha uma agência de viagens na avenida Europa (zona oeste). Faliu com o Plano Collor, atravessou a rua, abriu uma barraca e criou o cachorro-quente cinco estrelas da cidade. Senhore vende um sanduíche "light": salsicha sem corante, molho de tomate com cebola, catchup e mostarda. "Só permito o exagero da maionese. Se deixar, os clientes misturam tudo", diz.
Os "comedores de rua" são mesmo radicais. O comerciante Roberto Mello, 26, come pastel no café da manhã. "Pastel não tem hora", defende. Ele é um dos clientes do Rei do Pastel, barraca na praça Janete Clair (zona sul), onde foi inventado o "pastel ecológico", com massa verde.
A cantora Wanderléia, 46, reencontrou semana passada "dona Maria", como é conhecida Juventina Paixão Brito, 51. Seu cardápio de frutas carameladas inclui cereja, morango, ameixas e até nozes. "Aprendi as receitas quando era babá de uma família rica ", diz . Para Wanderléia, as uvas lembram o filho Leonardo, que morreu. "Comíamos juntos."
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sobre comida de rua na pág. 3

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