São Paulo, domingo, 16 de janeiro de 1994
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Verão traz perigo das 'cachoeiras assassinas'

LUIZ CARLOS DUARTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Ir à cachoeira, um prosaico programa de férias, transformou os primeiros dias de 94 em pesadelo para duas famílias paulistanas, com a morte da ombudsman Christina Rufca de Oliveira, 23, e a do engenheiro Paulo Sérgio Lopes Guimarães, 35, ( veja texto abaixo).
Há escassez de estatísticas sobre acidentes e mortes em cachoeiras. Mas alguns dados disponíveis impressionam. Segundo Jairo Luís Silveira, 30, técnico florestal do Parque Estadual da Serra do Mar, pelo menos 30 pessoas morreram na cachoeira da Pedra Lisa, em Paranapiacaba, no período de julho de 91 a agosto de 92.
É no topo da Pedra Lisa que passa uma trilhas mais frequentadas da região (Paranapiacaba-vale do Quilombo). Ao atravessarem o pequeno riacho, as pessoas escorregavam e despencavam pela cachoeira, com altura superior a cem metros.
A tragédia só terminou porque uma entidade sem fins lucrativos, o Sats (Serviço Aero Terrestre de Salvamento e Proteção Ecológica) criou o projeto Anjo da Guarda, em conjunto com o Corpo de Bombeiros e o Instituto Florestal. Arrecadou US$ 2,5 mil junto a 14 empresas e instalou cabos de aço de contenção para evitar as quedas. Há 15 meses não há mais registro de mortes.
Pelas encostas da serra do Mar, ao longo do litoral sudeste do país, há numerosas e atraentes cachoeiras. O risco para quem vai usá-las é permanente. "As cachoeiras desta região são mais perigosas por causa do limo, uma vegetação subaquática típica dos trópicos. Elas são muito mais escorregadias", diz o geógrafo Aziz Ab'Saber, 69, da USP.
"Os acidentes acontecem porque a maioiria das pessoas desconhece esse tipo de ambiente", diz José Eduardo Stanelis de Aquino, 29, comandante do posto de bombeiros de São Sebastião. Depois do acidente de Christina, ele reivindicou à Defesa Civil do município que instale placas de advertência nas cachoeiras mais perigosas da região.

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