São Paulo, domingo, 16 de janeiro de 1994
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Integração subverte arquitetura de massa

CLAUDIA RIBEIRO MESQUITA
DA REPORTAGEM LOCAL

Integrar apartamentos de áreas reduzidas com projetos diferenciados em busca de mais espaço e comodidade. Essa é uma tendência que vem crescendo no mercado imobiliário de São Paulo.
Proprietários compram dois ou três imóveis pequenos e os transformam em dúplex –com a instalação de escadas em lajes perfuradas– ou tomam andares inteiros –derrubando uma ou mais paredes. O resultado é um imóvel maior, personalizado e com custo semelhante –às vezes até menor– ao de imóveis de quatro quartos.
"Essa tendência revela a questão da insatisfação com os tamanhos restritos e a massificação dos apartamentos", diz Ciro Pirondi, 37, arquiteto e presidente nacional do IAB (Instituto dos Arquitetos do Brasil). Segundo ele, há uma falta de sensibilidade dos construtores em relação à necessidade de espaço das pessoas. Pirondi acredita que o caminho para a verticalização da cidade é a diversificação dos modelos de cada apartamento em um mesmo edifício.
Além de ser uma alternativa para se conquistar espaço, "juntar" duas ou três unidades ainda pode sair mais em conta do que investir em um imóvel mais amplo. De acordo com dados do "Roteiro de Imóveis" da Folha, é possível comprar três apartamentos de dois quartos na Mooca (r. Jaboticabal, 685), com 57,34 m2 de área útil e uma garagem cada um por CR$ 10,7 milhões (em dezembro) cada unidade. Juntos, os apartamentos somam mais de 150 m2 e proporcionam duas garagens ao proprietário.
No mesmo bairro (r. Ilansa, 253), um imóvel com quatro quartos, área útil de 123 m2 e duas garagens sai por CR$ 34,2 milhões (em dezembro). Nesse caso, com a integração o comprador ganha cerca de 30 m2 de área, uma garagem e dois dormitórios a mais por CR$ 32,1 milhões –CR$ 2,1 milhões a menos no preço final.
Eduardo Zaidan, 42, da construtora Zaidan, admite que há clientes interessados na integração dos apartamentos, mas afirma que a empresa não a recomenda. Para ele, esse tipo de reforma é muito limitado e não garante, necessariamente, o dobro da área, pois é impossível mexer na estrutura do prédio, como fachadas e vigas. "Essa opção pode ficar cara e não vai melhorar o empreendimento em absolutamente nada", diz.
Os apartamentos podem ser integrados verticalmente ou na horizontal e as soluções para uma reforma são variadas na forma e no preço. Segundo Pirondi, o ideal é fazer um projeto básico que permita modificações de acordo com as necessidades que vão surgindo.

LEIA MAIS
sobre apartamentos integrados na pág. 10-2.

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