São Paulo, domingo, 16 de janeiro de 1994
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A reação do mercado imobiliário

DOLZONAN DA CUNHA MATTOS

DOLZONAN DA CUNHA MATOS
A sabedoria popular conhece muito bem o que acontece com os gatos de armazém
Ao se fazer uma análise retrospectiva do mercado imobiliário, verificamos que o setor, após anos de estagnação, começou a reagir a partir de agosto de 92 e conseguiu consolidar-se no ano passado, com o aumento do número de lançamentos. Isso nos leva a concluir que a perspectiva para 94 é otimista, com a possibilidade de ocorrer um crescimento de 30%.
O número de lançamentos no município de São Paulo –comparado com 92– duplicou, passando para 19.728 unidades (janeiro a novembro). Estamos próximos de chegar ao crescimento obtido nos anos de 82/83 e 86/87, quando foram lançadas 32 mil unidades em cada ano.
Com as empresas cada vez mais adaptadas à nova realidade do mercado imobiliário, a tendência é, de fato, favorável para o setor. Muitas delas estão tirando da gaveta projetos que foram paralisados na época do Plano Collor. E, de lá para cá, essas mesmas empresas tiveram um período de amadurecimento, investindo maciçamente em pesquisa e novas tecnologias.
O resultado dessa movimentação saudável não poderia ser outro: melhoria da qualidade, maior produtividade, redução de custos e, consequentemente, a oferta de um produto com preços e condiçoes de pagamento do tamanho do bolso do cliente.
A verdade é que as coisas mudaram e continuam mudando. Sobrevive quem for suficientemente capaz de se adaptar, de forma produtiva, a um cenário em constante mudança. A rigor, a abertura da economia brasileira já produziu resultados palpáveis contra a letargia em diversos segmentos econômicos. Nunca se falou tanto em qualidade como agora. Inúmeras empresas anunciam investimentos maciços em modernização e competitividade. Tal movimento atinge não só segmentos mais expostos à concorrência internacional, como a indústria automobilística e eletroeletrônica, mas até setores tradicionalmente mais lentos nas respostas, como a construção civil.
A palavra de ordem é "proibido se descuidar". A sabedoria popular conhece muito bem o que acontece com os gatos de armazém. Acostumados a ter tudo à mão, só engordam e passam a não servir mais para caçar ratos. Foi assim durante os anos de reserva de mercado. A versão mais refinada do protecionismo nos tempos atuais é a ciranda financeira ou o jogo fácil de ganhar dinheiro fora do circuito produtivo. Esse, talvez, venha a ser o principal equívoco cometido por grande parte dos nossos empresários: a falta de uma visão mais positiva de futuro faz com que não assumam riscos.
A adoção de rigorosos e eficientes controles e avaliação de todas as formas de ações implementadas, evitando-se os inúmeros desperdícios, gastos inúteis e perdas, tornou-se uma condição obrigatória para a eficácia administrativa e da própria salvaguarda do empreendimento.
O setor da construção civil está, felizmente, conseguindo evoluir. E tudo indica que continuará andando para frente na busca constante de sua eficiência. Isso porque, num país com um déficit habitacional perto de 14 milhões de moradias, é de se esperar que as empresas arregassem as mangas e coloquem em prática estratégias mais arrojadas de comercialização de imóveis, desde a sua criação até a venda ao consumidor. Os resultados obtidos no ano passado e as perspectivas para 94 comprovam isso.

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